Dados do Trabalho
Título
PERSPECTIVAS DE USO DO ÁCIDO TRANEXÂMICO NOS PACIENTES VÍTIMAS DE TRAUMA: UM TRATAMENTO PROMISSOR
Descrição
Justificativa:O sangramento descontrolado é a principal causa evitável de morte em pacientes traumatizados, pois é responsável por 40% das mortes entre a primeira e a terceira hora após o evento. A identificação precoce e o manejo adequado do quadro são essenciais, isso devido ao alto potencial de reversão do quadro. Diferentes métodos são usados, incluindo o ácido tranexâmico (TXA), que vem sendo amplamente discutido por sua efetividade em reduzir a mortalidade relacionada à hemorragia. O ácido tranexâmico é um derivado sintético do aminoácido lisina que inibe a fibrinólise ao bloquear os locais de ligação da lisina no plasminogênio. O ATLS recomenda uso precoce de TXA em vítimas de trauma com choque hipovolêmico. Objetivo: Revisar a literatura científica existente sobre o uso de ácido tranexâmico em vítimas de trauma com suspeita de hemorragia. Metodologia:Trata-se de uma revisão sistemática realizada por meio de busca avançada na base de dados PubMed. Foram utilizados os descritores: "trauma" e "tranexamic acid". Desta busca resultaram 1.391 artigos, posteriormente submetidos aos critérios de seleção. Os critérios de inclusão foram artigos nos idiomas inglês e português, publicados no período de 2020 a 2024, que abordavam as temáticas desta pesquisa e estudos de revisão sistemática disponibilizados na íntegra. Os critérios de exclusão foram artigos duplicados e aqueles que não abordavam diretamente a proposta estudada. Após os critérios de seleção, restaram 95 artigos para leitura. Resultados: Diante da leitura e comparação dos artigos, evidenciam-se benefícios claros tanto da perspectiva da mortalidade-morbidade quanto do uso do ácido tranexâmico em pacientes traumatizados com suspeita de hemorragia. No trauma, o dano tecidual causa a liberação do ativador do plasminogênio tecidual, induzido pela isquemia tecidual e lesão endotelial, resultando em um estado de hiperfibrinólise. Com isso, o uso do TXA no trauma tem, portanto, justificativa fisiológica. Além disso, a publicação do ensaio clínico CRASH-2 em 2010 foi um marco e mostrou que o tratamento precoce com TXA de pacientes traumatizados com hemorragias reduz significativamente a mortalidade, especialmente se administrado dentro de 1-3 horas após a lesão, e tratamentos após 3 horas podem aumentar o risco de morte. Entretanto, ainda são necessárias mais evidências para resolver algumas lacunas de conhecimento, especialmente em relação ao uso e segurança do TXA em traumas militares, ao risco dose-dependente de eventos tromboembólicos e aos efeitos neurológicos adversos, como convulsões. Estudos indicam que o ideal seria uma dose de ataque de 1 g, seguida de infusão de 1 g durante 8 horas. Conclusão: Os artigos mostram que o ácido tranexâmico reduz os eventos hemorrágicos e a mortalidade quando administrado em até três horas após o trauma. No entanto, a dosagem ideal ainda é bem debatida devido aos seus efeitos adversos e dose-dependentes, bem como o seu uso em outros cenários fora ao trauma.
Referência 1
PATEL, Prakash A. et al. Update on Applications and Limitations of Perioperative Tranexamic Acid. Anesthesia & Analgesia, v. 135, n. 3, p. 460-473, 17 ago. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1213/ane.0000000000006039. Acesso em: 16 jul. 2024.
Referência 2
MAEGELE, Marc et al. Updated concepts on the pathophysiology and the clinical management of trauma hemorrhage and coagulopathy. Chinese Journal of Traumatology, v. 20, n. 3, p. 125-132, jun. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.cjtee.2017.03.004. Acesso em: 16 jul. 2024.
Palavras Chave
Ácido tranexâmico; hemorragia; prevenção
Área
Tratamento de Trauma/Queimaduras
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Universidade São Judas Tadeu - USJT - São Paulo - Brasil
Autores
RAZZO SILVA FERREIRA, GABRIELA SANCHES GUERATO, ISABELLA NARITA ARA