Dados do Trabalho
Título
Manejo anestésico para lobectomia pulmonar em neonato com diagnóstico de malformação congênita das vias aéreas pulmonares: relato de caso
Descrição
INTRODUÇÃO A malformação congênita das vias aéreas pulmonares (MCVAP), compreende rara patologia associada a formações císticas nas unidades respiratórias terminais. Os pacientes sintomáticos são candidatos à lobectomia precoce e os assintomáticos são estratificados para uma definição de conduta assertiva. A ventilação desafiadora desses pacientes atribui, ao anestesiologista, papel crucial na devida manutenção da homeostase. RELATO DE CASO Feminino, 1 dia de vida, 3 kg, nascida via cesariana eletiva com 38 semanas e 2 dias devido a circunferência abdominal fetal >p97 e diagnóstico anteparto de MCVAP tipo II direita. Apresentava desvio cardíaco para a esquerda e ducto venoso com onda A reversa. Pontuação APGAR 8/8. Evoluiu com desconforto respiratório grave aos 5 minutos de vida e SatO2=70%, sem melhora com CPAP e à ventilação por dispositivo manual em T. Procedida então a intubação orotraqueal aos 15 minutos de vida com tubo 3,5. Diante de acidose respiratória a despeito de parâmetros elevados na ventilação mecânica (VM) convencional, foi iniciado óxido nítrico (NO) 20 ppm e ventilação oscilatória de alta frequência (VAF). Optada por cirurgia aberta em caráter de urgência e definida manutenção de intubação não-seletiva com retração manual do pulmão operado. Toracotomia revelou grande lesão cística em lobo médio, hipoplasia dos lobos remanescentes e inúmeras fístulas aéreas de alto débito. Nos momentos de maior manipulação cirúrgica ocorreu achatamento do capnograma. Realizada lobectomia média e tentativa de correção das fístulas. Paciente manteve necessidade de VM com parâmetros elevados ao final do procedimento e acidose respiratória grave. Manteve instabilidade hemodinâmica e dessaturação no pós-operatório. A despeito da otimização de terapia, evoluiu a óbito no 7º dia de vida. DISCUSSÃO O isolamento pulmonar para exposição cirúrgica em procedimentos intratorácicos pode ser obtido via tubo endobrônquico de duplo lúmen (TDL), bloqueador brônquico ou tubo lúmen único em brônquio principal. Na pediatria, as opções disponíveis são mais limitadas, pela inexistência de TDL e bloqueadores brônquicos de tamanho adequado, como no caso em questão. Além disso, o broncofibroscópio é usualmente inserido junto ao bloqueador brônquico através do lúmen do tubo, exigindo um diâmetro interno mínimo de 5 mm, incompatível com a idade da paciente. As indicações e os objetivos do isolamento pulmonar e da ventilação monopulmonar são variados. Em procedimentos cirúrgicos, a principal finalidade é evitar que o pulmão dependente seja contaminado por secreções do pulmão não dependente, que será submetido à intervenção cirúrgica. Indicações relativas incluem a melhor exposição cirúrgica em lobectomias, segmentectomias e toracoscopias. Em suma, a decisão entre ventilação seletiva ou não-seletiva deve ser tomada considerando-se as particularidades da situação imposta e o anestesiologista deve estar capacitado para adequados manejos hemodinâmicos e ventilatórios.
Referência 1
Baird R, Puligandla PS, Laberge JM. Congenital lung malformations: informing best
practice. Semin Pediatr Surg. 2014; 23:270-277.
Referência 2
Shanti CM, Klein MD. Cystic lung disease. Semin Pediatr Surg. 2008; 17:2-8.
Palavras Chave
lobectomia pulmonar; malformação congênita das vias aéreas; Anestesia pediátrica
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
IZABELA SILVA COELHO , BRUNO VINICIUS CASTELLO BRANCO, BRUNA CARVALHO OLIVEIRA, LAIS MENDES VIANA, VALÉRIA JORGE DE SOUZA CASTRO