Dados do Trabalho


Título

Extenso hidrotórax após punção de veia jugular interna direita guiada por USG

Descrição

INTRODUÇÃO: órgãos de qualidade em saúde preconizam a punção venosa central guiada por USG a fim de minimizar a ocorrência de complicações, como punção carotídea, pneumotórax, hemotórax e posição inadequada do cateter. A fim de assegurar o correto posicionamento do cateter venoso central, a radiografia simples de tórax é o método mais comumente usado. Entretanto, a utilização de incidência única e a proximidade anatômica das principais estruturas do pescoço e tórax podem dificultar a confirmação da real posição da seção distal do cateter. Neste relato, apresentamos um caso em que houve extravasamento de líquido através do cateter central, em posição inadequada, para o espaço pleural, causando hidrotórax.
RELATO DE CASO: paciente do sexo masculino, 28 anos, 53 kg e 170cm (IMC: 18,33), ASA II, com histórico de oito cirurgias ortopédicas em decorrência de fratura diafisária de fêmur direito e posterior infecção, ainda em curso, com programação de ser submetido a lavagem mecânico-cirúrgica. Perante o quadro clínico e proposta cirúrgica, foi decidida por raquianestesia com sedação. Diante do quadro de falência de acesso periférico no pós-operatório imediato, optou-se por acesso central em veia jugular interna direita, antes de transferência do paciente para UTI. O procedimento foi realizado sob técnica de Seldinger, guiado por USG com transdutor linear, com condições ideais de punção, sendo observado refluxo sanguíneo na seringa imediatamente antes da passagem do fio-guia, que progrediu sem resistência. Porém, ao término da progressão do cateter, sua fixação e conexão a equipo contendo solução cristaloide, não foi visualizado refluxo de sangue. Utilizou-se novamente o USG, a fim de rechecar o posicionamento do CVC, que estava na VJID; entretanto, não identificamos sua extremidade distal. Indicamos à equipe médica da UTI que fosse solicitado Rx de tórax para liberar o uso do acesso, que foi avaliado pelo médico plantonista e teve seu uso liberado para infusão de fluidos. Nas horas seguintes, paciente cursou com taquidispneia, tosse seca e dor em hemitórax direito à inspiração profunda. Foi realizado novo Rx, que evidenciou velamento de hemitórax direito, compatível com hidrotórax, sendo colocado dreno, com saída imediata de 2500ml de conteúdo sero-hemático, retirada do CVC e melhora progressiva dos sintomas clínicos.
DISCUSSÃO: devido à passagem de CVC guiada por USG apresentar valor limitado na confirmação da posição da ponta na junção cavoatrial, assim como o Rx de tórax de controle estar sujeito a falha humana, identificamos complicação resistente às múltiplas barreiras de segurança. Outras medidas, como a técnica de ECG intracavitário (intravascular) e a ecocardiografia transesofágica podem ser associadas para confirmar a posição da ponta do CVC. Ainda assim, prevalecem a vigilância clínica do paciente e o respeito aos protocolos como grandes aliados na mitigação de desfechos desfavoráveis.

Referência 1

Wang L, Liu ZS, Wang CA. Malposition of Central Venous Catheter: Presentation and Management. Chin Med J (Engl), 2016; 129(2): 227-34.

Referência 2

Roldan CJ, Paniagua L. Central Venous Catheter Intravascular Malpositioning: Causes, Prevention, Diagnosis, and Correction. West J Emerg Med, 2015; 16(5):658-64.

Palavras Chave

segurança do paciente; Ultrassonografia; evento adverso

Área

Segurança do paciente, melhoria da qualidade e comunicação

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL CENTRAL DO EXÉRCITO - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

MAURILIO ONOFRE DEININGER FILHO, PEDRO HENRIQUE FREITAS, IGOR ALMEIDA DE LUCENA COSTA, NICOLE BRAZ CAMPOS AZIZI, PEDRO CARRARA NETO, PRISCELLY CRISTINA CASTRO BRITO