Dados do Trabalho
Título
Suspeita diagnóstica de embolia pulmonar intraoperatória baseado na análise da capnografia: um relato de caso.
Descrição
Introdução: A embolia pulmonar (EP) ocorre pela formação de um trombo no sistema venoso profundo que pode se desprender e obstruir a artéria pulmonar ou seus ramos. O pós operatório de cirurgias prolongadas e neoplasias aumentam o risco de tromboembolismo. A apresentação clínica é inespecífica e variável, dificultando o diagnóstico. Para a investigação de EP, o padrão ouro é a arteriografia pulmonar, um exame invasivo e com possibilidade de complicação. Outros métodos, como angiotomografia computadorizada, cintilografia pulmonar de inalação/perfusão e a dosagem do dímero-D muitas vezes são indisponíveis. Nesse contexto, a capnografia volumétrica (CV) pode auxiliar nesse diagnóstico de forma segura e não-invasiva. Relato de caso: JLS, 84 anos, hipertenso, diabético, portador de hiperplasia prostática benigna e fibrilação atrial crônica. Fazia uso de rivaroxabana 10mg regularmente e foi suspenso sete dias antes da cirurgia, devido ao risco hemorrágico inerente ao procedimento. Ecocardiograma pré operatório Fração de ejeção (FE) 72% PSAP 32mmHg, aumento biatrial, sem demais alterações. Foi submetido a nefrectomia total à esquerda videolaparoscópica, devido a neoplasia maligna em rim esquerdo. A técnica anestésica proposta foi anestesia geral combinada, além de monitorização hemodinâmica através da pressão arterial invasiva. O procedimento ocorreu sem intercorrências e o paciente se manteve estável ao longo de toda a cirurgia. Ao final da cirurgia, foi observado ETCO2 constantemente baixo, cerca de 20mmHg, apesar de medidas para expansão volêmica e uso de vasoconstritores periféricos. Colhida gasometria arterial no momento da verificação da capnometria, com resultado de PaCO2 55, levantando a suspeita de EP. Realizado POCUS intraoperatório que revelou trombo extenso em átrio direito. Então o paciente transferido ao CTI em TOT + VM, estável, onde foi realizado novo ecocardiograma transtorácico, com visualizado extenso trombo móvel em átrio direito estimado em 17 x 67 mm. Demais diâmetros cavitários normais. PSAP estimada em 44mmHg. O paciente se manteve estável e foi extubado 24 horas após o procedimento. Não foi realizado angiotomografia computadorizada, devido ao risco nefrotóxico do contraste. Foi reiniciado anticoagulação após 48 horas da cirurgia e o paciente teve alta da unidade de terapia intensiva após 7 dias. Discussão: A CV analisa a eliminação de CO2 em função do volume expirado, resultado da perfusão pulmonar e da ventilação alveolar. Esses parâmetros são homogêneos em situações típicas. A incompatibilidade dessa relação ventilação-perfusão, como no EP, aumenta o espaço morto alveolar. Por isso, a diferença entre a Pco2 expirada e arterial com a estimativa da fração de espaço morto pode indicar diagnóstico de EP. Neste caso demonstrou-se como a CV pode otimizar recursos por ser um método não invasivo, rápido e disponível passível de ser incorporado para triagem de EP.
Referência 1
1. Eriksson L, Wollmer P, Olsson CG. Diagnosis of pulmonary embolism based upon alveolar dead space analysis. Chest. 1989;96(2):357-62.
Referência 2
2. Moreira MM, Terzi RGG, Vieira RW, Petrucci Jr O. Fração tardia do espaço morto (fDlate) antes e após embolectomia pulmonar. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2005;20(1):81-4.
Palavras Chave
Tromboembolismo Pulmonar; capnografia
Área
Tecnologia/Equipamento/Monitoramento
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.HOSP.POLÍCIA MILITAR - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
ANA LUIZA NOBRE GUIMARÃES, LUMA AMORIM CARLOS, Patrick AUGUSTO GAMA LIMA de Oliveira, FERNANDA CARVALHO MACIEL, FERNANDO DE CARVALHO CORRÊA