Dados do Trabalho


Título

SUSPEITA DE SÍNDROME PÓS-RESSECÇÃO TRANSURETERAL GRAVE DE PRÓSTATA DURANTE ANESTESIA PARA PROCEDIMENTO UROLÓGICO: UM RELATO DE CASO

Descrição

Introdução: A síndrome pós-RTU caracteriza-se por sobrecarga hídrica e hiponatremia, decorrente à absorção sistêmica da solução de irrigação. É uma complicação potencialmente fatal, com manifestações cardíacas, neurológicas e metabólicas. Requer do anestesiologista alta suspeição e rápida intervenção a fim de evitar desfechos indesejados. Relato: D.M.R, 66 anos, masculino, 105kg, 1,62m, hipertenso, portador de hiperplasia prostática sintomática, com indicação de ressecção transuretral. Na admissão PA 138x79mmHg, FC 78bpm e SatO2 97%. Realizada sedação superficial e bloqueio subaracnóideo. Durante o procedimento sob irrigação com solução de glicina 1,5%, foi comunicado pelo cirurgião a ruptura da cápsula prostática com sangramento profuso do seio venoso, associado a evolução sintomática pelo paciente de sonolência, hipotensão, bradicardia sinusal refratária à atropina, espasmos musculares e náuseas. Realizada imediatamente cateterização da artéria radial, coleta de gasometria e ECG. Evidenciada hiponatremia grave (Na 109mEq) e iniciado tratamento com reposição de salina 3%, 100ml em 15 minutos, associado a dose de ataque de furosemida com finalização do procedimento. Evoluiu com Na 112mEq e iniciado reposição em dose de manutenção em bomba de infusão, e encaminhado à UTI. Paciente evoluiu com resolução do distúrbio, sem sequelas neurológicas e com resolução dos sinais cardiovasculares, recebendo alta em 2 dias. Discussão: O anestesiologista ao realizar RTU de próstata deverá ter alta suspeição da síndrome pós-RTU. A absorção da glicina ocorre a 20 ml/min de procedimento e está diretamente proporcional a quantidade de seios venosos abertos. Os pilares do manejo envolvem o reconhecimento, suporte ventilatório e hemodinâmico, bem como prontidão para instalar dispositivos invasivos quando necessários. É recomendado realizar ECG 12 derivações, repor o sódio, avaliar nível de consciência, bem como reconhecer e tratar o edema agudo de pulmão. São sinais e sintomas comuns à síndrome náuseas, vômitos, inquietação, alteração visual, cefaleia, tontura, que podem evoluir com convulsões e coma. Nos quadros leves (Na > 120) recomenda-se o tratamento com diurético de alça e restrição líquida; e nos graves (Na < 120) com infusão de solução salina 3% em 15 minutos, seguido de reavaliação da natremia, do padrão neurológico e cardiovascular, e de infusão contínua de manutenção. Requer atenção rigorosa a velocidade de correção do sódio, pelo risco de mielinose pontinha. Além disso, orienta-se técnica anestésica do neuroeixo sob sedação superficial à anestesia geral, pois esta poderá mascarar sinais e sintomas da instalação da síndrome e atrasar o reconhecimento e tratamento pelo anestesiologista. Portanto, o desfecho depende além da monitorização, que o anestesiologista reconheça e trate rapidamente os distúrbios secundários à sobrecarga hídrica da solução de irrigação.

Referência 1

Anestesiologia:princípios e técnicas/ Organizador, James Manica – 4. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2018, 1127-1128

Referência 2


Tratado de Anestesiologia: SAESP. – 9 edição,
São Paulo : Editora dos Editores Eireli, 2021. 3290-3293

Palavras Chave

Ressecação/ rtu / hiponatremia

Área

Cuidados Intensivos e Doenças Infecciosas

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

JOÃO MIGUEL AMORIM NETO, RAPHAEL ESPINDOLA LEAL, MALU OLIVEIRA CUNHA, OTAVIO AUGUSTO DE SOUSA MARQUES