Dados do Trabalho


Título

Ultrassom gástrico no manejo perioperatório de um caso desafiador

Descrição

Introdução

A broncoaspiração do conteúdo gástrico é a principal causa de morbimortalidade relacionada a anestesia. Ações de prevenção incluem adesão aos protocolos de jejum, identificação de fatores de risco, investigação de conteúdo gástrico e adequação da técnica anestésica.

Relato de Caso

Paciente, 42 anos, sexo feminino, médica, interna para cirurgia eletiva às 7h. Proposta de correção de doença do refluxo gastroesofágico e hérnia umbilical. A visita pré-anestésica foi realizada logo após internação. Paciente com histórico de gastrectomia vertical devido a obesidade. Em uso de atomoxetina e sertralina de maneira contínua para tratamento depressão. Além disso, paciente relata utilização de semaglutida com última administração há 7 dias. Encontra-se em jejum de líquidos há 11h e sólido há 36h. Devido a interrupção do semaglutida com intervalo inferior há 21 dias, optado por realização de ultrassom gástrico. Exame demonstrou presença de conteúdo sólido. Em virtude do alto risco de broncoaspiração houve suspensão da cirurgia e reagendamento para o dia seguinte Durante esse período, paciente permaneceu em jejum recebendo apenas aporte glicosado quando necessário. Novo exame ultrassonográfico foi realizado demonstrando permanência do conteúdo sólido. Caso discutido em conjunto com a radiologia e equipe cirúrgica. Radiologista informa que a presença de cirurgia gástrica prévia pode ser um fator de confusão na análise do exame. Achados ultrassonográficos inalterados a despeito da manutenção do jejum oral reitera a probabilidade de diagnóstico falso positivo. Paciente, ciente dos riscos, opta por prosseguir com procedimento. Realizada indução em sequência rápida e intubação sem dificuldade. Utilizada sonda gástrica fouchet para confecção de válvula antirrefluxo. Estômago sem presença de conteúdo à aspiração e à visualização direta por videolaparoscopia. Procedimento prosseguiu sem intercorrências.

Discussão

A ultrassonografia gástrica está associada a poucas limitações. O exame pode ser inconclusivo em 3% dos casos, mesmo com técnica adequada e ultrassonografistas experientes. As limitações podem ocorrer por variações anatômicas interpretação equivocada de outras estruturas viscerais ocas ou pela presença de ar em estruturas próximas como o intestino, obscurecendo a visão do antro. Além disso, os achados podem não ser precisos ou confiáveis em pacientes que tenham sido submetidos a cirurgia gástrica prévia. Para a gastrectomia vertical, a ressecção da grande curvatura pode resultar em variações anatômicas da região antro, alterando a área de seção transversal, parâmetro utilizado para avaliação qualitativa e quantitativa do conteúdo gástrico. A necessidade de adaptação de protocolos de jejum e a consideração cuidadosa dos riscos associados à broncoaspiração são fundamentais para garantir a segurança do paciente durante a anestesia. A utilização da cintilografia é considerada padrão ouro na visualização do estômago e poderia ter sido utilizada nesse caso

Referência 1

Pai SL, Bojaxhi E, Logvinov II, et al. Ultrasound Assessment of Gastric Volume After Bariatric Surgery: A Case Report. A A Pract. 2019;12(1):1-4. doi:10.1213/XAA.0000000000000824

Referência 2

Van de Putte P, Perlas A. Ultrasound assessment of gastric content and volume. Br J Anaesth. 2014;113(1):12-22. doi:10.1093/bja/aeu151

Link para o registro de dados

Não se trata de ensaio clínico

Link para o registro de estudo

Dados retirados de prontuário

Palavras Chave

Broncoaspiração; Ultrassom; esvaziamento gástrico

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - São Paulo - Brasil

Autores

JOÃO VICTOR JI YOUNG SUH, IRIMAR DE PAULA POSSO, LUCAS TEMER CURSINO DE SOUSA, ANTONIO MANUEL TEIXEIRA DE SOUSA