Dados do Trabalho


Título

Manejo anestésico de paciente com cardiodesfibrilador implantável (CDI) em cirurgia de ooforoplastia por cisto ovariano.

Descrição

Introdução: O avanço no tratamento de doenças cardiovasculares utilizando dispositivos eletrônicos implantáveis cardíacos (DEICs) oferece qualidade de vida para os pacientes. Com isso, é notável o aumento de procedimentos cirúrgicos em portadores desses dispositivos. O Conhecimento de medidas para prevenção das interferências eletromagnéticas (IEMs) bem como a identificação das arritmias e possível necessidade de desfibrilação são de grande importância na condução desses casos. Relato de caso: Feminino, 35 anos, 87 kg e 166 cm. Portadora de insuficiência cardíaca, CDI há 12 anos por miocardiopatia indefinida e hipotireoidismo. Ecocardiograma com fração de ejeção de 34%, hipertrofia ventricular esquerda excêntrica, hipocinesia difusa em ventrículo esquerdo. Submetida a ooforoplastia esquerda para drenagem de cisto ovariano por incisão umbilical, sob anestesia geral, com punção de artéria radial esquerda e veia jugular interna direita, previamente a indução. Acoplou-se as pás do desfibrilador externo automático (DEA) no tórax e utilizou-se o magneto para deixar o CDI em modo assíncrono. Indução com fentanil 200 mcg, etomidato 10 mg, lidocaína 40 mg, rocurônio 50 mg e sevoflurano para manutenção. Após indução, adrenalina em bomba de infusão contínua, com doses ajustadas pela pressão arterial. Adjuvância com cetamina 15 mg. Para analgesia, administrado tramadol 100 mg e dipirona 3 g. Ao final, reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex 400 mg. Extubação sem intercorrências. Discussão: Uma das principais complicações no manejo intraoperatório do CDI são as IEMs. Elas podem causar inibição da estimulação, rastreamento inapropriado de ruído elétrico, dano no gerador do impulso ou na interface eletrodo-tecido. A abordagem deve ser individualizada, considerando o fabricante, modelo e o status da bateria, além do tipo e da localização anatômica da cirurgia. Qualquer aparelho que emita ondas de radiofrequência entre 0 e 10 Hz pode causar IEMs. São exemplos o eletrocautério, ressonância magnética, litotripsia por onda de choque, tremores e fasciculações. Uma das estratégias de prevenção mais utilizadas é o uso do magneto que converte o CDI para modo assíncrono, inibindo a função anti taquiarritmia, protegendo da descarga elétrica acidental. Recomenda-se o uso do magneto somente se for observada inibição significativa do marca-passo com o uso do cautério, sobretudo em cirurgias acima da cicatriz umbilical. Usar bisturi bipolar, posicionar a placa de retorno da corrente elétrica próximo a área cirúrgica, manter no mínimo 15 cm de distância entre campo elétrico e cautério são outras medidas. Recomenda-se usar períodos curtos de estimulação elétrica com a menor carga possível. No modo assíncrono o CDI não é capaz de desfibrilar, logo, é necessário manter o paciente já acoplado ao DEA durante toda cirurgia, com as pás distantes do CDI.

Referência 1

Özkartal T, Demarchi A, Caputo ML, Baldi E, Conte G, Auricchio A. Perioperative Management of Patients with Cardiac Implantable Electronic Devices and Utility of Magnet Application. J Clin Med. 2022 Jan 28;11(3):691. doi: 10.3390/jcm11030691. PMID: 35160149; PMCID: PMC8836758.

Referência 2

Stone, M., Salter, B., & Fischer, A. Perioperative management of patients with cardiac implantable electronic devices. British Journal of Anaesthesia 2011, 107, i16–i26. https://doi.org/10.1093/bja/aer354

Palavras Chave

Dispositivos eletrônicos implantáveis cardíacos; cardiodesfibrilador implantável

Área

Tecnologia/Equipamento/Monitoramento

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.FEDERAL DE BONSUCESSO - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

TALES DRESCH BRIGIDE, JOÃO GABRIEL MORGADO DE SOUZA, ANGELO JORGE QUEIROZ RANGEL MICUCI, AMÉRICO SALGUEIRO AUTRAN NETO, LAÍS MARTINS NOGUEIRA