Dados do Trabalho


Título

Manejo Anestésico e Cirúrgico de Acretismo Placentário: Relato de Caso e Discussão Multidisciplinar

Descrição

Introdução

O acretismo placentário é uma condição obstétrica complexa caracterizada pela invasão anômala da placenta no miométrio, podendo, em casos graves, estender-se a outros órgãos. Sua prevalência tem aumentado devido às altas taxas de cesarianas, tornando-se uma das principais causas de histerectomia puerperal de emergência e acarretando significativa morbimortalidade. Este relato de caso descreve a abordagem anestésica e cirúrgica de uma paciente com acretismo placentário confirmado por ressonância magnética.

Relato de Caso

Paciente R.S.S, 39 anos, G6P4A1, com 37 semanas e 2 dias de gestação. A ressonância magnética mostrou invasão do miométrio no colo uterino à direita, com possível extensão à serosa miometrial próxima à gordura perivesical, e sinais de acretismo placentário sem invasão da bexiga. A paciente não apresentava comorbidades. Exames pré-operatórios revelaram hemoglobina de 12 g/dL e hematócrito de 34,9%.

Optou-se pelo implante pré-operatório de balão temporário nas artérias hipogástricas bilaterais via hemodinâmica. A paciente foi submetida à venóclise com cateter de 18 gauges. A anestesia geral balanceada foi induzida com 200 mg de fentanil, 200 mg de propofol e 80 mg de succinilcolina. A intubação orotraqueal foi realizada sob laringoscopia direta com tubo endotraqueal de 7,0 mm e o plano anestésico foi mantido com sevoflurano.

Durante a extração placentária, não houve sinais clínicos de acretismo, não sendo necessário utilizar o dispositivo de oclusão das artérias hipogástricas. Para analgesia pós-operatória, foi realizado bloqueio do plano transverso abdominal guiado por ultrassom com 20 mL de ropivacaína a 0,5% bilateralmente. A paciente foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva e mantida em observação. Nas 24 horas seguintes, relatou apenas desconforto aos esforços, sem outras queixas.

Discussão

O manejo anestésico do acretismo placentário é desafiador devido ao risco aumentado de hemorragia e à necessidade de intervenções complexas, como a oclusão temporária das artérias hipogástricas. Neste caso, a abordagem multidisciplinar permitiu uma indução anestésica segura e um procedimento cirúrgico sem complicações. Métodos de imagem, como ultrassonografia com Doppler (sensibilidade de 87,5%, VPP de 65,1%, e VPN de 75,0%) e ressonância magnética (sensibilidade de 92,9%, VPP de 76,5% e VPN de 75,0%), são cruciais para a detecção precoce dessa condição, embora sujeitos a falsos positivos, conforme relatado neste episódio.

Portanto, é essencial adotar uma abordagem multidisciplinar para o manejo do acretismo placentário, envolvendo diversas especialidades médicas e técnicas intervencionistas. Desde a oclusão temporária das artérias ilíacas internas até a preparação prévia de recursos sanguíneos, cada etapa do cuidado requer coordenação e colaboração entre os membros da equipe. O bloqueio do plano transverso abdominal proporcionou analgesia eficaz no pós-operatório imediato, contribuindo para uma recuperação confortável da paciente.

Referência 1

Nascimento, S.L. et al. “Acretismo Placentário: Diagnóstico e Manejo.” Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2022.

Referência 2

Silva, P.R. “Manejo Perioperatório de Pacientes com Acretismo Placentário.” Arquivos Brasileiros de Anestesiologia, 2021.

Palavras Chave

acretismo placentário; Anestesia Balanceada; bloqueio do plano transverso abdominal

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO - Mato Grosso - Brasil

Autores

RAFAEL RIBEIRO COLOMBO, CLAYTON DE OLIVEIRA BELONI, MÁRCIO LUIZ BENEVIDES, MARIANA FELIX CABRAL, BRUNA DANIELE LENZI, FERNANDA RIBEIRO COLOMBO