Dados do Trabalho
Título
Anestesia geral versus sedação consciente na terapia intervencionista endovascular de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos: uma revisão sistemática.
Descrição
Justificativa e objetivos: A terapia endovascular após acidente vascular cerebral isquêmico agudo (AVCi) devido à oclusão de grandes vasos é agora o tratamento padrão. Alguns estudos analisaram o prognóstico dos pacientes a depender do tipo de anestesia utilizada na abordagem intervencionista. Este trabalho objetiva, portanto, comparar a anestesia geral (AG) e a sedação consciente (SC) na terapia intervencionista endovascular de AVCi. Método: Realizou-se uma pesquisa na base de dados PubMed em julho de 2024 com o descritor: “neuroanesthesia” e suas variações no MeSH, incluindo-se os filtros “Humans”, “Randomized Controlled Trial”, “Clinical Trial”, “Clinical Study”, “Multicenter Study” e “10 years”. Dos 73 estudos encontrados, foram selecionados os três de maior relevância para a elaboração deste trabalho. A escala PRISMA foi utilizada objetivando melhorar o relato desta revisão. Resultados: Fora comparado resultados entre a AG e SC, principalmente, após o estudo “General or Local Anesthesia in Intra Arterial Therapy” (GOLIATH), que contou com um total de 128 pacientes, sendo randomizados em 65 no grupo AG e 63 no SC. Após o GOLIATH, observou-se que ambas as abordagens apresentam resultados similares no intraoperatório e pós-operatório imediato, demonstrado a partir de irrelevância estatística do volume final do infarto a partir da observação da mediana IQR GA 8.2 [2.2 – 38.6] mL vs IQR SC 19.4 [2.4-79.0] mL (p=0.10), mesmo após o grupo AG apresentando melhor taxa de reperfusão (76.9%) em comparação ao grupo SC (60.3%) (p=0.04). Segundo Sørensen LH et al., a AG oferece um melhor ambiente de trabalho para o cirurgião, mantendo o paciente imóvel - mesmo não sendo contraindicação, possivelmente contribuindo para melhor feito, sendo expressada por um melhor resultado a longo prazo traduzido pela diminuição da escala de Rankin modificada (mRS) com o passar do tempo no pós-operatório, com probabilidade de melhora à favor da AG (OR, 1.91; 95% CI, 1.03-3.56) em comparação à SC (OR, 1.90; 95% CI, 0.93-3.90). Além disso, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas no desenvolvimento de complicações cirúrgicas entre as duas abordagens, como a evolução com pneumonia, em que 12 (18%) de 65 pacientes no grupo AG a desenvolveram contra 17 (27%) de 63 no grupo SC (p=0.25). Assim, Simonsen CZ et al., afirma que a escolha da técnica deve depender do conforto técnico e da familiaridade da equipe, desde que os seguintes quatro fatores sejam controlados: pressão arterial, evitar atrasos na conduta, neuroproteção e padrões ventilatórios bem monitorados. Conclusões: Após o GOLIATH, percebe-se que a AG demonstra resultados mais promissores no melhor prognóstico tardio em comparação à SC, apesar dos resultados imediatos serem semelhantes, porém ainda dependes da experiência da equipe cirúrgica na escolha da abordagem. Portanto, mais estudos randomizados controlados são requisitados para um futuro mais bem elucidado.
Referência 1
Simonsen CZ, Yoo AJ, Sørensen LH et al. Effect of general anesthesia and conscious sedation during endovascular therapy on infarct growth and clinical outcomes in acute ischemic stroke: a randomized clinical trial. JAMA Neurol. 2018;75(4):470-7.
Referência 2
Sørensen LH, Speiser L, Karabegovic S et al. Safety and quality of endovascular therapy under general anesthesia and conscious sedation are comparable: results from the GOLIATH trial. J Neurointerv Surg. 2019;11(11):1070-2.
Palavras Chave
Anestesia geral; sedação consciente; procedimentos endovasculares
Área
Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil
Autores
LAURA DE OLIVEIRA, TACIO RAFAEL SANTOS BATISTA, ANTÔNIO EDUARDO OLIVEIRA SANTOS