Dados do Trabalho


Título

Anestesia volátil versus anestesia intravenosa total nas complicações pós-operatórias de cirurgias cardíacas: uma revisão sistemática.

Descrição

Justificativa e objetivos: A incidência de complicações pós-operatórias a depender das modalidades anestésica volátil e anestésica intravenosa total em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas compreende variáveis diversificadas e ainda debatidas no cenário sanitário mundial. Esta revisão sistemática objetiva, portanto, comparar a anestesia volátil e anestesia intravenosa total nas complicações pós-operatórias de cirurgias cardíacas. Método: Realizou-se uma pesquisa na base de dados PubMed em julho de 2024 com o descritor: “Cardiac Anaesthesia” e suas variações no MeSH, incluindo-se os filtros “Humans”, “Randomized Controlled Trial”, “Clinical Trial”, “Clinical Study”, “Multicenter Study” e “5 years”. Dos 591 estudos encontrados, foram selecionados os dois de maior relevância para a elaboração deste trabalho. A escala PRISMA foi utilizada objetivando melhorar o relato desta revisão. Resultados: No estudo de Jiang JL et al., foram avaliadas a incidência e a duração de delirium no pós-operatório de cirurgias cardíacas de 337 pacientes sob regime de anestésicos voláteis e 339 pacientes sob anestesia intravenosa total, a partir da escala de agitação-sedação de Richmond (RASS), que identifica o nível de consciência, e do método de avaliação de confusão para UTI (CAM-UTI), que qualifica o conteúdo da consciência. Nesse trabalho, tanto a incidência de delirium (RR= 0,80; [IC 95% 0,55-1,16]; p=0.231) quanto sua duração (p=0.293) não diferiram entre os dois grupos. No estudo de He LL et al., analisaram-se as complicações pulmonares como insuficiência respiratória, infecção respiratória, atelectasia, pneumotórax, pneumonite aspirativa e broncoespasmo no pós-operatório de cirurgias cardíacas de 524 pacientes, sendo 264 submetidos a anestésicos voláteis; e 264, à anestesia intravenosa total. Dessarte, não houve diferença significativa no índice de complicações pulmonares dos dois grupos (RR=1,17 [IC 95% 0,96-1,42]; p=0.123), e, quando comparadas cada uma das complicações isoladamente, não houve discrepâncias estatisticamente significativas (p>0.096). Outrossim, a gravidade dos quadros das complicações não apresentou diferenças estatísticas (p=0.464), e, em ambos os regimes anestésicos, complicações graves foram observadas, porém sem distinção (p=0.485). Conclusões: Não houve benefício estatisticamente comprovado da anestesia volátil em relação à anestesia intravenosa total, o que implica não haver diferença clínica após procedimento nos pacientes submetidos aos dois regimes de anestesias. Logo, não há evidências comprobatórias de que as complicações pós-operatórias de cirurgias cardíacas em pacientes adultos são mitigadas com a utilização de anestesia volátil em detrimento da anestesia intravenosa total nos 7 primeiros dias após cirurgia.

Referência 1

He LL, Li XF, Jiang JL et al. Effect of volatile anesthesia versus total intravenous anesthesia on postoperative pulmonary complications in patients undergoing cardiac surgery. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2022;36(10):3758-65.

Referência 2

Jiang JL, Zhang L, He LL et al. Volatile versus total intravenous anesthesia on postoperative delirium in adult patients undergoing cardiac valve surgery: a randomized clinical trial. Anesth Analg. 2023;136(1):60-9.

Palavras Chave

Anestesia geral; Complicações Pós-operatórias; cirurgia cardíaca

Área

Anestesia Cardiovascular e Torácica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

LAURA DE OLIVEIRA, TACIO RAFAEL SANTOS BATISTA, FÁBIO DE OLIVEIRA SILVA