Dados do Trabalho
Título
Norepinefrina profilática para hipotensão pós-raquianestesia em parturientes submetidas à cesariana eletiva: uma revisão sistemática.
Descrição
Justificativa e objetivos: A raquianestesia é difusamente usada para cesariana. Contudo, hipotensão pode ocorrer após o bloqueio simpático espinhal, sendo necessário o uso profilático de vasopressores. Este trabalho objetiva, portanto, avaliar a profilaxia com norepinefrina (NE) para hipotensão pós-raquianestesia em parturientes submetidas eletivamente à cesariana. Método: Realizou-se uma pesquisa na base de dados PubMed em julho de 2024 com os descritores: “Norepinephrine”, “Cesarean Section” e suas variações no MeSH, incluindo-se os filtros “Humans”, “Randomized Controlled Trial”, “Clinical Trial”, “Clinical Study”, “Multicenter Study” e “5 years”. Dos 38 estudos encontrados, foram selecionados os dois de maior relevância para a elaboração deste trabalho. A escala PRISMA foi utilizada objetivando melhorar o relato desta revisão. Resultados: Os dois ensaios clínicos randomizados, controlados e duplo cegos envolveram, juntos, 294 mulheres com gravidez única, estado físico pela American Society of Anesthesiologists (ASA) ≤ 2 e cesariana eletiva programada, sendo que pré-eclâmpsia ou hipertensão, altura <150 cm e outros pontos foram critérios de exclusão em ambos, de modo que a raquianestesia foi feita com bupivacaína em doses de 10-12.5 mg (além da associação com 5 mg de sufentanil no estudo de Wei C et al.). Chen Y et al. (2020) alocou mulheres em 2 grupos: 97 no experimental, que receberam um bolus de 1 mL de NE (6 μg) imediatamente após a raquianestesia, com manutenção de 0.05 μg/kg/min intravenoso (IV) de NE, e 98 no controle, às quais receberam, similarmente, solução salina isotônica. Wei C et al. (2020), por sua vez, alocou as pacientes aleatoriamente em um grupo controle e quatro experimentais com doses distintas, em mg/kg/min, de NE: 0.04, 0.05, 0.06 e 0.07, diluindo a NE em 50 mL e infundindo a 50 mL/h. Nos dois estudos, hipotensão foi definida como pressão arterial sistólica <80% do valor basal (ou < 90 mmHg no segundo estudo) e tratada, respectivamente, com bolus IV de 6 μg de NE ou 6 mg de efedrina. Os dois estudos mostraram diferenças significativas entre grupos na incidência de hipotensão (p<0.05), sendo que no primeiro, a incidência no grupo experimental e controle foi de, respectivamente, 17.53% e 62.24%, porém, sem diferença estatística em bradicardia, náusea, vômito e hipertensão (p>0.05). O segundo estudo, ainda, reportou redução significativa da necessidade de intervenções médicas (p=0.008) mediante aumento da dose de NE nos grupos experimentais (14, nove, oito, seis e três na ordem crescente das doses, respectivamente) e na ocorrência de náuseas e vômitos (p<0,05). Conclusões: Ambos estudos evidenciaram desfechos favoráveis ao uso de NE como medida profilática de hipotensão em cesarianas eletivas. Contudo, carecem informações sobre a melhor titulação da dose e parâmetros de infusão contínua visando os melhores resultados sem, entretanto, elevar a incidência de efeitos adversos.
Referência 1
Chen Y, Guo L, Shi Y et al. Norepinephrine prophylaxis for postspinal anesthesia hypotension in parturient undergoing cesarean section: a randomized, controlled trial. Arch Gynecol Obstet. 2020;302(4):829-36.
Referência 2
Wei C, Qian J, Zhang Y et al. Norepinephrine for the prevention of spinal-induced hypotension during caesarean delivery under combined spinal-epidural anaesthesia: randomised, double-blind, dose-finding study. Eur J Anaesthesiol. 2020;37(4):309-15.
Palavras Chave
raquianestesia; Norepinefrina; Hipotensão
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil
Autores
LAURA DE OLIVEIRA, TACIO RAFAEL SANTOS BATISTA, RAFAEL CARNOT GENILHÚ