Dados do Trabalho


Título

Considerações anestésicas para craniotomia com despertar intraoperatório: relato de caso

Descrição

Introdução: A anestesia para craniotomia em paciente acordado (awake craniotomy) é técnica anestésica inicialmente utilizada para mapeamento de focos epilépticos e que consolidou-se como técnica de excelência para a remoção de neoplasias de origem glial, em áreas eloquentes cerebrais, dentro de limites funcionais dos pacientes, com bons resultados e menor tempo de internação hospitalar. Relato de caso: Após consentimento escrito, relatamos caso de paciente masculino, 63 anos, 85 kg, com epilepsia controlada com carbamazepina e diagnóstico de oligodendroglioma, sendo esta a terceira cirurgia para remoção do tumor. Com um acesso venoso periférico, acesso venoso central, monitorização padronizada, pressão arterial invasiva e índice bispectral (BIS), a indução anestésica foi realizada com fentanil, 250 µg, lidocaína, 60 mg e rocurônio, 50 mg. Uma máscara laríngea foi inserida e a anestesia foi mantida com propofol, 2-3 µg/mL, para manter o valor do BIS entre 40 e 60, além da dexmedetomidina, 0,5 µg/kg/h e remifentanil, 0,15 a 0,25 µg/kg/min. Realizamos scalp block com ropivacaína 0,5%, 35 mL. Para o despertar intraoperatório, a dose de dexmedetomidina foi reduzida para 0,2 µg/kg/h, tendo sido interrompidas as infusões do propofol e remifentanil e administramos ondansetrona, 4 mg. Com valor de BIS ~70-75 e o paciente respirando espontaneamente, retiramos a máscara laríngea. O paciente foi mantido com catéter nasal de O 2 , 3 L/min, e atingiu valor de BIS ~95, quando foram feitos os testes cognitivos intraoperatórios, nomeadamente, identificação de imagens, contagem numérica crescente e decrescente e associação de verbos a determinadas imagens observadas. O paciente se manteve calmo e colaborativo. Após a manipulação do tumor, mantivemos o paciente sedado com propofol e dexmedetomidina, respirando livremente, para a síntese cirúrgica (técnica asleep, awake, asleep). O procedimento durou 220 minutos, sem intercorrências. Ao final, o paciente apresentava-se estável, sem dor, náuseas ou vômitos, mantendo o estado de consciência e sem sinais focais ou défices neurológicos. Discussão: Os principais desafios para o anestesiologista são garantir um despertar intraoperatório tranquilo, sem náuseas e vômitos, manter a colaboração do paciente em estado vígil com analgesia adequada e estresse mínimo. É necessário priorizar fármacos facilmente tituláveis e com mínimos efeitos sobre o sistema cardiovascular e respiratório, pouco associados com náuseas e vômitos e sem interferência na avaliação neurológica. A cuidadosa seleção do paciente e seu preparo psicológico são fundamentais. Conclusão: A técnica adotada nesse relato se aproxima da técnica asleep-awake-asleep já descrita, com adaptações à analgesia no período vígil e uso de máscara laríngea. O scalp block tem grande importância nesse contexto. O preparo pré-anestésico e a escolha criteriosa dos fármacos reduzem complicações e elevam a chance de bons resultados.

Referência 1

A, Lubnin A. Anesthesia for awake craniotomy. Curr Opin Anaesthesiol. 2018;31: 506-10.

Referência 2

Stevanovic A, Rossaint R, Veldeman M, et al. Anaesthesia management for awake craniotomy: systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2016;11:e0156448.

Palavras Chave

neuroanestesia; Consciência no Peroperatório

Área

Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DEP.ANEST.DA F.M.BOTUCATU - São Paulo - Brasil

Autores

Jéssica Gatto Jacomini Pessoto, REBECCA RENATA LAPENDA DO MONTE, DEBORA OLIVEIRA SILVA, PAULO DO NASCIMENTO JUNIOR