Dados do Trabalho
Título
Toracoscopia em paciente não-intubado - um relato de caso
Descrição
Introdução: As cirurgias minimamente invasivas e o surgimento de novas técnicas anestésicas reacenderam o interesse pela mínima manipulação de vias aéreas. Nesse contexto, é crescente a busca pela realização de procedimentos sem intubação, inclusive na cirurgia torácica [1, 2]. Neste relato, descrevemos a realização de toracoscopia para avaliação de lesões pleurais sob sedação e anestesia local. Relato de caso: Paciente feminino de 52 anos em tratamento para carcinoma ductal de mama é agendada eletivamente para toracoscopia exploradora após derrame pleural refratário a toracocenteses de alívio. Após destacada pelo cirurgião a intenção de avaliar lesões pleurais e realizar biópsias seguidas de pleurodese através de incisão intercostal e passagem de portal com câmera, foi optado a técnica de anestesia local sob sedação venosa. Paciente inicialmente ansiosa, eupneica, SatO2 (saturação de oxigênio) = 96%, frequência cardíaca de 108 batimentos por minuto. A sedação foi realizada utilizando-se midazolam na dose de 3 mg (miligramas) em bolus seguido de infusão contínua de dexmedetomidina e ketamina a uma taxa de 1 mcg/kg/h (micrograma/quilo/hora) e 1 mg/kg/h respectivamente. O procedimento teve duração de 55 minutos, sendo que a infusão da sedação foi interrompida 5 minutos antes do término. Durante todo o procedimento a paciente permaneceu confortável, tolerou bem o posicionamento em decúbito lateral e manteve um bom padrão respiratório com SatO2 não inferior a 95% em cateter nasal à 2 l/min (litros por minuto). Durante a infiltração do anestésico local, a paciente permaneceu imóvel e não alterou sinais vitais. Ao final do procedimento, a paciente apresentava sedação leve, já atendendo a comandos e ao chamado, encaminhada à sala de recuperação pós anestésica, permaneceu por 45 minutos, sendo após encaminhada à unidade de internação com o total de pontos da escala de Aldrete e Kroulik. Discussão: O objetivo de tais técnicas inclui minimizar os efeitos adversos da intubação traqueal, como lesão de via aérea e lesão pulmonar induzida por ventilação mecânica [1, 2]. É importante destacar que na cirurgia torácica, frequentemente é necessária a intubação seletiva, procedimento de maior dificuldade técnica e maior incidência de lesão de via aérea se comparado a intubação convencional. Procedimentos cirúrgicos realizados sem intubação apresentam tempo de recuperação menor, melhores escores de dor e menor duração da internação, mantendo um estado cardiopulmonar mais fisiológico [2]. Contraindicações incluem provável via aérea difícil, falência respiratória, alto risco de broncoaspiração e desordens neurológicas [1]. Pode-se oferecer oxigenação através de cateter ou máscara facial, recomendando-se uso da capnografia para garantir patência de via aérea [2]. Ainda assim, a técnica apresenta desafios, como hipoxemia, tosse persistente e colapso pulmonar insuficiente, requerendo comunicação entre equipes e planos de contingência em caso de intercorrências [1].
Referência 1
Li LT, Chitilian HV, Alfille PH et al. Airway management and anesthesia for airway surgery: a narrative review. Transl Lung Câncer Res. 2021;10(12):4631-4642.
Referência 2
Irons JF, Martinez G. Anaesthetic considerations for non-intubated thoracic surgery. J Vis Surg 2016;2:61.
Palavras Chave
Toracoscopia; Técnica de anestesia; Anestesia em cirurgia torácica
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO HOSPITAL LUXEMBURGO - BH - Minas Gerais - Brasil
Autores
TAYRONE RODRIGUES GONÇALVES, JOAQUIM BELCHIOR SILVA, ANA FLÁVIA DE LIMA RUAS, RUI GUILHERME GOMES BRAGA, VICTOR CAMPOS GUIMARÃES, KATIA SANTOS DE OLIVEIRA