Dados do Trabalho


Título

USO DO ECOCARDIOGRAMA PERIOPERATÓRIO COMO FERRAMENTA DE CONDUTA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE TAKOTSUBO: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução: A cardiomiopatia de Takotsubo (CT) é caracterizada por um quadro agudo de disfunção miocárdica. Supõe-se que seja devido a um excesso de catecolaminas endógenas. É clinicamente similar a um quadro de isquemia miocárdica aguda, de forma que o diagnóstico diferencial é essencial. A elucidação diagnóstica pode ser feita por meio de avaliação ecocardiográfica, que através de achados característicos permite tratamento direcionado. O caso a seguir refere-se ao manejo de uma paciente cujos achados ecocardiográficos permitiram definir a conduta medicamentosa prudente no contexto em que se encontrava.

Relato de caso: Paciente feminina, 75 anos, em contexto de pós-operatório de colectomia parcial direita. Evoluiu com quadro de dispneia, congestão sistêmica e dessaturação associado a abdome agudo vascular por isquemia mesentérica com necessidade de abordagem cirúrgica imediata. Paciente admitida em sala de bloco cirúrgico, sendo realizada monitorização não-invasiva, observou-se quadro de fibrilação atrial de alta resposta ventricular (FAARV). Realizada IOT sob sequência rápida com reversão espontânea do quadro de FAARV na indução venosa. Fármacos utilizados na indução foram: Fentanil, Cetamina, Propofol e Rocurônio. Realizada manutenção da anestesia com Sevoflurano. Paciente apresentou-se com instabilidade hemodinâmica, aventando-se a possibilidade de choque misto (cardiogênico e séptico), de forma que uso de aminas vasoativas se tornou necessário. Assim sendo, noradrenalina, vasopressina e dobutamina foram iniciadas em bomba de infusão, com necessidades graduais de aumento de dose. No ato cirúrgico evidenciou-se isquemia mesentérica completa de delgado (do ângulo de Treitz ao íleo terminal) realizada cirurgia de controle de danos. Ao final do ato operatório realizou-se avaliação ecocardiográfica de modo que se evidenciou movimento discinético da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular. A análise do gradiente da via de saída do ventrículo esquerdo (LVOT, left ventricular outflow tract) possibilitou analisar a necessidade de manutenção ou retirada de dobutamina na assistência farmacológica da paciente em questão.

Discussão: A obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo é uma possível complicação dos pacientes com CT e às vezes leva a resultados catastróficos, como choque cardiogênico ou ruptura cardíaca. A movimentação da parede do ventrículo esquerdo (VE) na fase aguda da CT é caracterizada por acinesia nas porções apical e média da câmara do VE com hipercinesia na porção basal. Essa hipercinesia basal estreita a LVOT sistólica, resultando na aceleração do fluxo sanguíneo através da LVOT, aumentando a obstrução da via de saída do VE. Quando não existe LVOT, podem ser utilizados inotrópicos (dobutamina e/ou dopamina) de modo temporário. Deve-se ter em mente que esses fármacos podem induzir o aparecimento de LVOT e se essa obstrução for importante essa terapêutica deverá ser interrompida.

Referência 1

Montone RA, La Vecchia G, Del Buono MG, Abbate A, Sanna T, Pedicino D, Niccoli G, Antonelli M, Crea F. Takotsubo Syndrome in Intensive Cardiac Care Unit: Challenges in Diagnosis and Management. Curr Probl Cardiol. 2022 Nov;47(11):101084. doi: 10.1016/j.cpcardiol.2021.101084. Epub 2021 Dec 20. PMID: 34942270.

Referência 2

Pena, José Luiz Barros. Ecocardiografia e Imagem Cardiovascular/José Luiz Barros Pena & Marcelo, Luiz Campos Vieira - 1. Ed. - Rio de Janeiro - RJ: Thieme Revinter Publicações, 2021.

Palavras Chave

Cardiomiopatia de Takotsubo; Ecocardiograma; Complicações Perioperatórias

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

ITALA FERREIRA DE JESUS, LUIZ FERNANDO AMANCIO, CAMILA GOMES DALL'AQUA, BRUNO VINICIUS CASTELLO BRANCO, MARCIO ERLEI VIEIRA DE SÁ FILHO, MARINA AYRES DELGADO