Dados do Trabalho
Título
BLOQUEIO MODIFICADO DOS NERVOS TORACOABDOMINAIS POR ABORDAGEM PERICONDRAL (M-TAPA) NA ANALGESIA PÓS OPERATÓRIA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Descrição
Justificativa e objetivos: A colecistectomia videolaparoscópica (CLV) é um procedimento cirúrgico amplamente realizado e frequentemente associado a dor no pós-operatório imediato. A anestesia regional tem se mostrado um excelente método associado à analgesia multimodal no controle da dor. O objetivo desse estudo foi avaliar o bloqueio modificado dos nervos toracoabdominais por abordagem pericondral (M-TAPA) no controle da dor. Métodos: Ensaio clínico randomizado, amostra de 39 pacientes adultos, ASA I, II e III, programados para colecistectomia videolaparoscópica eletiva. Em todos os pacientes foi realizada anestesia geral balanceada, indução com lidocaína 1 mg/kg, fentanil 3 mcg/kg, propofol 2 mg/kg e rocurônio 0,6 mg/kg, manutenção com sevoflurano e remifentanil 0,1-0,3 mcg/kg/min. Antes da incisão cirúrgica, no grupo bloqueio (GB, n=18) foi realizado o M-TAPA bilateralmente, guiado por ultrassonografia com agulha stimuplex 90mm, inserida in plane no sentido cranial, abaixo da 10ª cartilagem costal, entre os músculos oblíquo interno e o transverso do abdome, com injeção de 25 ml de ropivacaína 0,25% (total=50ml); enquanto no grupo controle (GC, n=21) foi realizada infiltração dos portais cirúrgicos, antes da incisão cirúrgica, com 5ml de ropivacaína 0,5%, em cada um dos quatro portais. Em todos os pacientes, vinte minutos antes do término da cirurgia, foram administrados dipirona 2g, morfina 0,05 mg/kg e cetoprofeno 100mg. Para analgesia pós-operatória foi prescrito dipirona 2g de 6/6h e cetoprofeno 100 mg de 8/8h; tramadol 100mg de resgate em caso de escore de dor > 3. Foram avaliados no pós-operatório os escores de dor (NRS); necessidade de opioide; e presença de náuseas e/ou vômitos nos seguintes momentos: na SRPA (T0), 1h (T1), 6h (T6) e 12h (T12). Foi considerado significativo o valor de p<0,05. Resultados: Os grupos foram homogêneos quanto à idade, gênero e comorbidades; o índice de massa corpórea no GB foi superior e estatisticamente significativo (p=0,012). Analisando o desfecho de dor moderada a intensa (NRS > 3) no T1, o GB apresentou incidência inferior e estatisticamente significativa comparado ao GC (1/5,6% vs. 7/33,3%; p=0,032). A necessidade de opioide de resgate foi inferior e estatisticamente significativa no GB durante todo o período analisado (4/22,2% vs. 12/57,1%; p=0,027) e, especialmente em T1 (1/5,6% vs 9/42,9%; p=0,008). A incidência de náuseas e vômitos foi inferior no GB, porém sem significância estatística (1/5,6% vs 3/14,3%; p=0,37). Conclusão: Neste estudo, com a amostra avaliada, o M-TAPA bilateral mostrou ser uma técnica alternativa no controle da dor de pacientes submetidos à CLV, com menor necessidade de opioide de resgate, especialmente nas primeiras horas do pós-operatório, momento em que esses pacientes geralmente referem dor moderada à intensa.
Referência 1
Serkan Tulgar, Onur Selvi, David Terence Thomas, Ugur Deveci, Zeliha Özer, Modified thoracoabdominal nerves block through perichondrial approach (M-TAPA) provides effective analgesia in abdominal surgery and is a choice for opioid sparing anesthesia, Journal of Clinical Anesthesia, Volume 55, 2019, Page 109, ISSN 0952-8180.
Referência 2
Bisgaard T, Klarskov B, Rosenberg J, Kehlet H. Characteristics and prediction of early pain after laparoscopic cholecystectomy. Pain. fevereiro de 2001;90(3):261–9.
Palavras Chave
Colecistectomia videolaparoscópica; Bloqueio M-TAPA; analgesia pós-operatória
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Privado
Instituições
CET DR. OTÁVIO DAMÁZIO FILHO - Pernambuco - Brasil
Autores
MARCELO CORREIA, MARCOS FERNANDES, PRISCILA CARVALHO, MURILO NASCIMENTO, THIAGO ALMEIDA, JANE AMORIM