Dados do Trabalho
Título
Manejo Anestésico de Neonato Submetido a Correção Cirúrgica de Atresia Bilateral de Coanas: um Relato de Caso
Descrição
INTRODUÇÃO: A atresia de coana (AC) é uma anomalia congênita rara, caracterizada pela falta de continuidade entre a cavidade nasal e a faringe devido à falha na reabsorção da membrana nasobucal durante o desenvolvimento fetal, afetando cerca de 1 em cada 1.300 nascimentos. Esta condição frequentemente está associada a outras anomalias das vias aéreas (VA) superiores e faz parte do acrônimo “CHARGE”, que inclui coloboma, cardiopatia, AC, crescimento e desenvolvimento retardados e anomalias genitais e dos ouvidos. A apneia pós-operatória (APO) é uma complicação crítica em recém-nascidos (RNs) submetidos à anestesia, tornando o manejo anestésico desses pacientes desafiador. RELATO DE CASO: Este relato de caso seguiu as diretrizes CARE. RN prematura, 3,5 kg, com idade pós conceptual de 54 semanas, apresentou sintomas respiratórios graves ao nascimento, incluindo cianose e hipotonia, que exigiram reanimação cardiopulmonar e intubação orotraqueal (IOT). Após estabilização, apresentou novo episódio de cianose com estridor e desconforto respiratório, com boa resposta à ventilação com pressão positiva (CPAP). Tomografia computadorizada confirmou a AC bilateral e envolvimento de estruturas adjacentes. Paciente foi admitida para correção da AC, em bom estado geral, acianótica, dispneica, com tiragem subcostal e intercostal em repouso, com saturação arterial de oxigênio em ar ambiente de 93% e frequência cardíaca de 129bpm. Realizada monitorização básica e indução inalatória com sevoflurano 4% e oxigênio 100% 4 L/min, punção de acesso venoso periférico 24G em membro superior direito, seguida de indução venosa (EV) com remifentanil em infusão contínua 0,3 mcg/kg/min, 0,4 mg de escetamina, 8 mg de propofol e 1 mg de rocurônio. A IOT, guiada por videolaringoscopia, foi realizada sem complicações. O procedimento cirúrgico durou 85 minutos, feito 0,6 mg de dexametasona e 100 mg de dipirona EV, e a paciente foi extubada ao fim da cirurgia após reversão do bloqueio neuromuscular com 0,75 mg de atropina e 0,15 mg de neostigmina EV, sendo encaminhada à UTI para recuperação e observação pós-anestésica. DISCUSSÃO: A AC bilateral em RNs é uma condição que demanda intervenção urgente devido à necessidade da respiração nasal exclusiva nos primeiros meses de vida. Estudos demonstram, nesses pacientes, uma incidência de cerca de 58% de alterações de VA que levam a dispneia, como faringolaringomalácia, glossoptose e retrognatia, e 40% de anomalias traqueobronquiais, como fistula traqueoesofágica, o que requer maior atenção no manejo das VA. A complicação adicional da APO torna o manejo anestésico desses pacientes ainda mais desafiador, especialmente devido à imaturidade dos centros respiratórios e à susceptibilidade à depressão respiratória induzida por anestésicos. A monitorização contínua da função respiratória, juntamente com a observação atenta dos sinais de APO, são cruciais para detectar precocemente e manejar qualquer deterioração clínica.
Referência 1
Ranu RJ, Mary FR. The Difficult Pediatric Airway. In: Carin A. Hagberg. Hagberg and Benumof's Airway Management. 5th Edition - August 2, 2022; 723-60.
Referência 2
Leite JAA, Lima EV. Apnéia Pós-Operatória em Criança Ex-Prematura. Discussão de Um Caso. Rev Bras Anestesiol 1993; 43: 3: 201 – 203
Palavras Chave
Anestesia pediátrica; Manuseio das Vias Aéreas; apneia pós operatória
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil
Autores
RAISSA MELO ARRUDA, BERNARDO RIBEIRO TRAVASSOS, KELVIN BONY DE LIMA E SILVA, CRISTOVAM ALVES DE LIRA TERCEIRO, BRUNO JOSE ALIANO COSTA, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES