Dados do Trabalho
Título
Manejo de broncoespasmo após intubação orotraqueal em anestesia
Descrição
Introdução: O broncoespasmo após intubação orotraqueal ocorre devido a hiperestimulação por fatores físicos ou químicos da musculatura lisa dos brônquios e bronquíolos. Essa complicação acomete principalmente pacientes portadores de asma (20-30%), doença pulmonar obstrutiva crônica (10-20%) e tabagistas (10-20%). A incidência nestes pacientes varia de acordo com as condições clínicas dos pacientes e a técnica anestésica utilizada. Caso não ocorra o tratamento de forma rápida e eficaz o broncoespasmo pode evoluir, impactando a ventilação, levando a hipoxemia e, nos casos mais graves, insuficiência respiratória aguda grave que pode culminar em óbito do paciente.
Relato de Caso: Paciente feminina, 50 anos, sobrepeso, hipertensa controlada e asma bem controlada. Submetida a histerectomia total via abdominal devido a mioma uterino volumoso. A anestesia foi realizada com técnica combinada. Raquianestesia por punção em linha mediana nível L3-L4, agulha 26G Quincke, com bupivacaína hiperbárica 20 mg e morfina 100 mcg. Anestesia geral balanceada após pré-oxigenação, indução com fentanil 150 mcg, cetamina 20 mg, propofol 150 mg e rocurônio 50 mg e ventilação com pressão positiva seguida de intubação orotraqueal com tubo 7,5 sob laringoscopia direta e manutenção com sevoflurano. Após intubação, paciente apresenta dificuldade para ventilação e dessaturação associado a forma de onda ETCO2 ascendente na capnografia característica de broncoespasmo. Realizado adrenalina 150 mcg intravenoso (IV) e salbutamol 400 mcg via inalatória, com melhora imediata dos padrões ventilatórios. Em seguida, foi feito hidrocortisona 300 mg e sulfato de magnésio 2 g IV para manutenção. O procedimento cirúrgico prosseguiu sem prejuízos por 4 horas. Paciente extubada em sala sem complicações.
Discussão: Os sinais de broncoespasmo incluem sibilos na ausculta torácica, alteração na forma da onda do dióxido de carbono expirado (ETCO2), como ETCO2 ascendente e forma de onda severamente diminuída ou ausente, diminuição do volume corrente, alta pressão inspiratória e queda da saturação de oxigênio. É importante excluir complicações confundidoras, como intubação endobrônquica, pneumotórax, edema pulmonar agudo e tubo endotraqueal obstruído. A abordagem inicial inclui administração de oxigênio a 100% e ventilação manual. Em casos leves, aprofunda-se o anestésico com bolus intravenoso de propofol, cetamina, ou aumento do anestésico inalatório. Se o broncoespasmo persistir, inicia-se a terapia com beta2 agonista de curta ação, como salbutamol. Para broncoespasmos graves a epinefrina pode ser administrada via bolus IV de 10 a 50 mcg e/ou por infusão contínua de 2 a 10 mcg/minuto. O sulfato de magnésio (até 2 g IV em 20 minutos) pode ser útil em casos refratários. Glicocorticóides como hidrocortisona 100 mg IV ou metilprednisolona 60 a 80 mg IV, podem ser usados para manutenção. A rápida identificação e tratamento do broncoespasmo pelo anestesista é crucial para o melhor desfecho do paciente.
Referência 1
BARASH, Paul G., et al. Barash, Cullen, and Stoelting's Clinical Anesthesia. 9ª ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health, 2023. 1728 p. ISBN: 978-1-9751-9907-4.
Referência 2
DR. ZYAD JAMES CARR, FASA. Anesthesia for adult patients with asthma. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/anesthesia-for-adult-patients-with-asthma?search=anestesia%20para%20pacientes%20adultos%20com%20asma&source=search_result&selectedTitle=1%7E150&usage_type=default&display_rank=1 . Acessado em 22/07/2024.
Palavras Chave
broncoespamo; asma; manejo
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Público
Instituições
CET H.UNIV.CASSIANO ANTÔNIO MORAES-UFES - Espírito Santo - Brasil
Autores
PEDRO ZAMPROGNO ZAMPROGNO CASER, EDSON DA SILVA PEREIRA FILHO, JANDERSON NUNES PRETTI, SIGMAR AUREA CABRAL PEREIRA, THULIO MINA VAGO, DAVI CAVALCANTE SILVA