Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS A REVERSÃO DE BLOQUEIO NEUROMUSCULAR COM SUGAMADEX

Descrição

Justificativa e objetivos: O sugamadex é um reversor direto dos bloqueadores neuromusculares (BNM) aminoesteroides. Encapsula seletivamente suas moléculas, com maior afinidade pelo rocurônio. Seu uso crescente deve-se à reversão rápida e segura, porém estudos têm relatado raros casos de bradicardia sinusal e assistolia, cujos fatores de risco são matéria de discussão. O objetivo deste estudo foi avaliar a variação da frequência cardíaca (FC) em pacientes submetidos à reversão do BNM após administração de 2 mg/kg de sugamadex. Método: Estudo de coorte prospectivo, amostra de 75 pacientes, idade ≥ 18 anos, ASA I, II ou III, submetidos à anestesia geral balanceada e rocurônio como BNM, associada ou não à anestesia regional. Em todos os pacientes a reversão do BNM foi realizada após finalizar o curativo da ferida operatória. As variáveis avaliadas foram: temperatura ao final da cirurgia, valor do TOF através da avaliação qualitativa do BNM, com o aparelho TOF-Watch® e o valor da FC. No momento que o paciente apresentou na sequência de quatro estímulos resposta ≥ 1, foi administrado 2 mg/kg de sugamadex via endovenosa. A FC foi avaliada nos seguintes momentos: antes da indução da anestesia geral (T1); no momento da administração do sugamadex (T2); e nos três minutos posteriores à administração (T3.1, T3.2 e T3.3). Foi considerado significativo o valor de p<0,05. Resultados: A amostra é composta por 75 pacientes, com idade média de 51±18 anos; 40 mulheres e 35 homens; 17 pacientes ASA I, 40 ASA II, 18 ASA III; IMC médio 27,2 kg/m²±7; 36% hipertensos; 12% obesos; 8% diabéticos; 14,7% usavam betabloqueador. Dos 75 pacientes analisados, 9 (12%) apresentaram queda da FC maior que 10% após administração de sugamadex, porém em nenhum desses foi necessário administração de atropina. Na amostra não houve diferença estatisticamente significativa na variação da FC, entre o momento da administração de sugamadex e os três primeiros minutos subsequentes (T2: 67±11bpm; vs. T3.1: 66±12bpm; vs. T3.2 65±12bpm; vs. T3.3: 66±12bpm; p>0,05). Não foi encontrada relação entre as variações da FC e as variáveis categóricas (sexo, uso de betabloqueador, obesidade, ASA e valor de TOF) e variáveis numéricas (idade, IMC, temperatura, dose de rocurônio, duração da cirurgia). Apenas na avaliação entre T2 e T3.1, os pacientes com maiores valores de IMC apresentaram relação negativa e significativa da FC (r = – 0.244; p = 0,035). No entanto, quando considerado a variação máxima da FC não foi encontrada correlação com o IMC (r= - 0,171; p = 0,143). Conclusões: Nesse estudo, o sugamadex mostrou ser um fármaco seguro, devido ao encontro de pequena variação da FC com ausência de repercussão clínica. A variação da FC, no primeiro minuto após administração de sugamadex, em pacientes com maiores valores de IMC, pode ter sido um achado casual. Dessa maneira, o aumento da amostra e a realização de novos estudos poderão esclarecer essa evidência.

Referência 1

Ebert TJ, Cumming CE, Roberts CJ, et al. Characterizing the Heart Rate Effects From Administration of Sugammadex to Reverse Neuromuscular Blockade: An Observational Study in Patients. Anesth Analg. 2022;135(4):807-814.

Referência 2

Sims T, Peterson J, Hakim M, et al. Decrease in heart rate following the administration of sugammadex in adults. J Anaesthesiol Clin Pharmacol. 2020;36(4):465-469.

Palavras Chave

frequência cardíaca; Bloqueio neuromuscular; bradicardia

Área

Farmacologia

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DR. OTÁVIO DAMÁZIO FILHO - Pernambuco - Brasil

Autores

ANA CLARA GALINDO MIRANDA, MAYANE D'AWILA DE SOUZA OLIVEIRA, JANE AUXILIADORA AMORIM, EDGAR VIEIRA DO NASCIMENTO, YUMI DE MUTA PINTO, RODRIGO PHILIPPE ALVES DE ASSIS DAMASCENO OLIVEIRA