Dados do Trabalho


Título

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DESFECHOS DE PACIENTES COM IDADE ≥ 90 ANOS INTERNADOS EM TERAPIA INTENSIVA: UM ESTUDO OBSERVACIONAL E RETROSPECTIVO

Descrição

Justificativa e objetivos: A transição demográfica tem resultado em um aumento progressivo da proporção de pacientes idosos e muito idosos. Essa mudança populacional implica em uma demanda crescente por recursos de saúde, incluindo cuidados intensivos, apesar das altas taxas de mortalidade associadas a essa faixa etária em UTIs. Nesse aspecto, é fundamental o conhecimento das características clínicas dessa população. Além disso, a literatura médica carece de dados sobre pacientes muito idosos (≥ 90 anos). O objetivo deste estudo foi determinar as características clínicas e desfechos de uma população de pacientes muito idosos (≥ 90 anos) internados em UTI, assim como fatores preditores associados à mortalidade. Método: Este estudo observacional retrospectivo analisou dados de pacientes com idade ≥ 90 anos admitidos no Serviço de Medicina Intensiva de um hospital terciário em São Luís - MA, entre 2021 e 2022. Foram coletados dados demográficos, clínicos, de tratamento e desfechos, utilizando análise estatística para determinar fatores preditores independentes de mortalidade. Resultados: Dos 3551 pacientes admitidos, 269 (≥ 90 anos) foram incluídos. A maioria era feminina (69,5%), com uma alta prevalência de comorbidades (97,7%). As comorbidades mais comuns foram cardiovasculares (88,8%) e respiratórias (13,1%). 28,3% foram classificados com fragilidade (n = 76). A emergência foi a principal origem de admissão dos pacientes (87%). A categoria diagnóstica mais frequente à admissão à UTI foi infecção/sepse (55,4%). A duração de internação em UTI apresentou mediana de 7 dias e no hospital, mediana de 15 dias. A mortalidade hospitalar foi de 27,5%, e a mortalidade na UTI, de 17,8%. O desfecho mais comum após alta da UTI foi a ida para enfermaria (67,6%). O uso de ventilação mecânica e diálise no primeiro dia de UTI foi associado de forma independente a maior mortalidade. Conclusões: Pacientes muito idosos apresentam alta prevalência de comorbidades, e intervenções específicas, como ventilação mecânica e diálise no primeiro dia de UTI, são preditores de mortalidade. A mortalidade observada não foi elevada em comparação a outras casuísticas, sugerindo que a idade cronológica sozinha não deve ser um critério para limitação ao acesso de cuidados intensivos. Decisões sobre triagem e limitação de tratamento são cruciais nessa população.

Referência 1

BECKER, S.; MÜLLER, J.; DE HEER, G.; BRAUNE, S. et al. Clinical
characteristics and outcome of very elderly patients ≥90 years in intensive care: a retrospective observational study. Annals of intensive care, 5, n. 1, p. 53-53, 2015.

Referência 2

FLAATTEN, H.; BEIL, M.; GUIDET, B. Elderly Patients in the Intensive Care Unit. Semin Respir Crit Care Med, 42, n. 1, p. 10-19, Feb 2021.
FLAATTEN, H.; DE LANGE, D. W.; ARTIGAS, A.; BIN, D. et al. The status of
intensive care medicine research and a future agenda for very old patients in the ICU. Intensive Care Med, 43, n. 9, p. 1319-1328, Sep 2017.

Palavras Chave

Idosos; Fragilidade; Cuidados Intensivos

Área

Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida

Fonte de financiamento

Privado

Instituições

CET DO ANESTLIFE - HOSPITAL SÃO DOMINGOS - Maranhão - Brasil

Autores

LUAN PINHO FARIAS , PEDRO IGOR de Sousa RIOS, ANTONIO IGOR DA COSTA BRITO, JAMIL DOS SANTOS NETO, LUIS EDUARDO MOREIRA DE CARVALHO, JOSE ESTEVAM RIBEIRO JUNIOR