Dados do Trabalho


Título

Choque Anafilático Induzido por Besilato de Atracúrio Durante Linfadenectomia Axilar: Relato de Caso e Revisão da Literatura

Descrição

Introdução: Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave, de início rápido e potencialmente fatal, que pode ocorrer após a administração de diversos medicamentos, incluindo agentes anestésicos. O atracúrio, um bloqueador neuromuscular comumente utilizado em anestesia geral, é conhecido por ter potencial para causar reações anafiláticas. A identificação e o manejo rápido e eficaz dessa condição são essenciais para prevenir desfechos adversos graves. Este relato descreve um caso de choque anafilático após administração de besilato de atracúrio durante uma linfadenectomia axilar.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 27 anos, foi submetida a linfadenectomia axilar sob anestesia geral balanceada. Durante o procedimento, foram administrados 35 mg de besilato de atracúrio por via endovenosa (EV). Imediatamente após a administração do medicamento, a paciente apresentou cianose, diminuição da saturação de oxigênio (SpO2) e da pressão arterial sistólica (PAS), culminando em bradicardia severa.
Inicialmente, foram administrados 10 mg de efedrina EV, mas o quadro da paciente piorou rapidamente. A pressão arterial tornou-se não detectável pelo método oscilométrico, os pulsos periféricos estavam reduzidos e a bradicardia sinusal fez com que a frequência cardíaca (FC) caísse para 40 bpm.
Em seguida, foram administrados 100 mcg de adrenalina EV, resultando em melhora do quadro clínico. Cinco minutos depois, a paciente recebeu mais 50 mcg de adrenalina, 50 mg de difenidramina e 500 mg de hidrocortisona EV. Após essas intervenções, a paciente desenvolveu taquicardia ventricular sustentada, que posteriormente evoluiu para uma normalização da frequência cardíaca para 80 bpm. Após a estabilização, a paciente foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para monitorização e cuidados contínuos.
Discussão: Os bloqueadores neuromusculares são a principal causa de anafilaxia intraoperatória, onde promovem liberação não imunológica de histamina. Reações anafiláticas ao atracúrio são raras, mas podem ocorrer de forma súbita e grave. O manejo imediato com adrenalina é crucial para tratar a anafilaxia e estabilizar o paciente. Neste caso, a administração inicial de efedrina não foi suficiente para controlar a reação anafilática, destacando a necessidade de uso precoce de adrenalina.
O uso subsequente de difenidramina e hidrocortisona também foi essencial para mitigar a resposta inflamatória alérgica. A ocorrência de taquicardia ventricular após a administração de adrenalina é uma complicação potencial; porém, no contexto de anafilaxia, a prioridade é estabilizar a hemodinâmica do paciente.
Este caso sublinha a importância da preparação e prontidão para o manejo de reações anafiláticas durante procedimentos cirúrgicos. A rápida identificação e intervenção são essenciais para um prognóstico positivo. Além disso, destaca a necessidade de vigilância contínua e monitoramento intensivo após a estabilização inicial, dada a possibilidade de complicações secundárias.

Referência 1

Mertes, P. M., Laxenaire, M. C., Alla, F., & Groupe d'Etudes des Réactions Anaphylactoïdes Peranesthésiques. (2003). Anaphylactic and anaphylactoid reactions occurring during anesthesia in France in 1999-2000. Anesthesiology, 99(3), 536-545.

Referência 2

Sheikh, A., Shehata, Y. A., Brown, S. G., & Simons, F. E. (2009). Adrenaline for the treatment of anaphylaxis: Cochrane systematic review. Allergy, 64(2), 204-212.

Palavras Chave

Atracúrio; anafilaxia; linfadenectomia

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO - Mato Grosso - Brasil

Autores

CLAYTON DE OLIVEIRA BELONI, BRUNA PATROCÍNIO DOS SANTOS SILVA, SILVANIA SILVANIA CARDOSO RIBEIRO DOS SANTOS MIRANDA ROSA, MÁRCIO LUIZ BENEVIDES, RUBENS JARDIN NOCHI JUNIOR, RAFAEL MARQUES PEREIRA