Dados do Trabalho


Título

MANEJO PERIOPERATÓRIO DE PARTO CESARIANO EM PACIENTE COM ANGIOEDEMA HEREDITÁRIO (AEH): RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO: O Angioedema Hereditário (AEH) é uma doença genética rara manifestada por episódios de edema cutâneo ou submucoso, mediados por bradicinina. O manejo dessa afecção pelo anestesiologista é fundamental, uma vez que a manipulação das vias aéreas pode levar a edema fatal. RELATO DE CASO: Sexo feminino, 26 anos, primigesta, 39s3d, ASA II devido à gestação. Encaminhada ao serviço de gestação de alto risco devido ao diagnóstico de AEH. Referiu ter apresentado três episódios de edema no lábio inferior no último ano, sendo o primeiro deles associado ao uso de anticoncepcional oral. O último episódio havia ocorrido há três meses da admissão, com resolução espontânea. Apresentava teste genético positivo para AEH em uma investigação familiar. Negava dispneia, edema de glote ou necessidade de internação para manejo das crises anteriores. Negava alergias medicamentosas; via aérea sem preditores de ventilação ou intubação difícil. Foi realizada ultrassonografia no serviço, com diagnóstico de oligoâmnio severo e indicada a resolução da gestação. Devido à recusa de indução de trabalho de parto pela paciente, optou-se pela realização de parto cesariano. Conforme orientado pelo alergologista, foram administradas 1000 UI de Inibidor de C1 esterase derivado de plasma humano (pdC1-INH) via endovenosa em infusão contínua uma hora antes do procedimento. Foi monitorizada com cardioscopia, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva e optado por realização de raquianestesia. Com uma agulha 25G de Quincke, realizou-se punção paramediana única ao nível de L3-L4. As seguintes medicações foram administradas via intratecal: bupivacaína hiperbárica 11 mg, sufentanil 2 mcg e morfina 80 mcg. A estabilidade cardiovascular foi mantida com administração de um litro de ringer lactato, sem necessidade de uso de vasopressores. Durante o intraoperatório, foram administrados via endovenosa cefazolina 2g, ondansentrona 4 mg, dexametasona 10 mg, dipirona 2g e ocitocina 10 UI. O procedimento foi realizado sem intercorrências e teve duração de 60 minutos. Em caso de crise apesar da profilaxia realizada, havia orientação para dose de 30mg de icatibanto, via subcutânea, se necessário. No pós-operatório, evoluiu sem intercorrências e após um período de 72 horas de observação clínica, teve alta hospitalar. DISCUSSÃO: O parto vaginal é a via de preferência, uma vez que cirurgia ou anestesia geral com intubação endotraqueal podem desencadear edema laríngeo. Antes do parto cesariano, é indicado uso de pdC1-INH profilático e a anestesia em neuroeixo é recomendada. O período pós-parto está associado com um aumento na ocorrência dos ataques, por isso observação clínica por pelo menos 72h após o parto é indicada, bem como a disponibilidade de drogas de resgate.

Referência 1

Maurer M, Magerl M, Betschel S, et al. The international WAO/EAACI guideline for the
management of hereditary angioedema—The 2021 revision and
update. Allergy. 2022; 77: 1961–1990.

Palavras Chave

Angioedemas hereditários; Anestesia

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSP.DAS CLÍNICAS DA UFPE - Pernambuco - Brasil

Autores

FRANCISCO ELTON COELHO DA SILVA FILHO, MARINA FÉLIX DA MOTA, LAÍS MEDEIROS DINIZ, DANILO LOPES DA SILVA, MATEUS RIBEIRO FERNANDES TEIXEIRA, SERGIO VELOSO DA SILVEIRA MENEZES