Dados do Trabalho
Título
Anestesia regional para amputação suprapatelar em paciente cardiopata grave: um relato de caso.
Descrição
Introdução: A anestesia regional tem se mostrado uma alternativa eficaz e segura em detrimento da raquianestesia ou anestesia geral para pacientes com alto risco cardiovascular ou distúrbios de coagulação. Este relato descreve o manejo anestésico de um paciente cardiopata grave e com coagulograma alterado submetido a amputação suprapatelar direita.
Relato de caso: Paciente masculino, 75 anos, idoso frágil, previamente tabagista, hipertenso, diabético mal controlado, com histórico de AVC isquêmico e hemiparesia esquerda, coronariopata com 3 infartos do miocárdio prévios e ecocardiograma mostrando fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 24%. Apresentava função renal ligeiramente alterada, anemia leve e coagulograma anormal (RNI de 1,7). Foi indicada amputação de membro inferior direito a nível da coxa por oclusão arterial aguda. Após respeito ao jejum de 8 horas foi monitorizado com pressão arterial não invasiva, cardioscopia e oximetria de pulso. Ofertado oxigênio por cateter nasal e utilizada venóclise prévia para sedação com dexmedetomidina (1 mcg/kg/h). Realizada anestesia regional guiada por ultrassonografia com agulha tipo Quincke de 22G no território dos quatro seguintes nervos: femoral, cutâneo femoral lateral, obturador e ciático infra-glúteo. Aproximadamente 8mL de solução com ropivacaína a 0,5% em cada sítio foram utilizados. A anestesia mostrou-se efetiva e o paciente permaneceu estável hemodinamicamente, com padrão ventilatório adequado e sem queixas durante e após o procedimento, que durou aproximadamente 90 minutos e transcorreu sem complicações.
Discussão: A raquianestesia é uma opção consagrada em cirurgias de membros inferiores, porém algumas condições contraindicam o procedimento, como por exemplo coagulopatias, pelo risco de hematoma espinhal. Além disso, alterações hemodinâmicas são esperadas após acesso ao neuroeixo, principalmente queda da resistência vascular sistêmica e hipotensão arterial, situações catastróficas em pacientes cardiopatas graves. Por outro lado, a anestesia geral em pacientes tão limítrofes também apresenta riscos hemodinâmicos e ventilatórios importantes com muitas complicações descritas em literatura. Diante de tais situações os bloqueios de nervos periféricos são boas opções para manter estabilidade clínica. O acesso guiado por ultrassonografia vem facilitando o sucesso dos bloqueios de diversas estruturas anatômicas e seu uso deve ser cada vez mais encorajado. No caso em questão, os efeitos dos bloqueios também mostram vantagem no controle da dor pós-operatória, diminuindo o delirium no idoso e o surgimento da dor do membro fantasma.
Referência 1
Ruzi RA. Bloqueio do nervo femoral. In: Cangiani LM, Nakashima ER, Gonçalves TAM. Técnicas de bloqueios regionais. 3ª edição. Rio de Janeiro. 2013. 391-396.
Hamaji A, Hamaji MWM, Júnior WC. Bloqueios do compartimento da fáscia ilíaca. In: Cangiani LM, Nakashima ER, Gonçalves TAM. Técnicas de bloqueios regionais. 3ª edição. Rio de Janeiro. 2013. 397-410.
Referência 2
Dutra NC, Penna HM, Carneiro AF. Anestesia subaracnoidea. In: Manica J. Anestesiologia. 4ª edição. Rio de Janeiro. 2018. 760-777.
Palavras Chave
anestesia regional; cardiopatias;
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil
Autores
MIGUEL SALOMAO, VINICIUS MARTINHO, CAIO SILVA, ISABELA VALLARELLI, RENATA LIAN, JOSE OROSZ