Dados do Trabalho

Título

Monitorização não invasiva de débito em paciente com insuficiência cardíaca grave - um relato de caso

Descrição

Introdução: A terapia guiada por metas tem se mostrado cada vez mais importante e efetiva em desfechos perioperatórios satisfatórios, especialmente em casos de grande porte cirúrgico ou de pior condição clínica dos pacientes. Simultaneamente, com os avanços tecnológicos, torna-se possível a análise de parâmetros hemodinâmicos de maneiras progressivamente menos invasivas.

Relato de Caso: Paciente masculino, 75 anos, ASA III, portador de HAS, FA, ICC com FE 27% em programação de instalação de dispositivo de assistência ventricular e doença pulmonar intersticial. É internado por descompensação da insuficiência cardíaca, após melhora clínica entra em programação para instalação eletiva de ressincronizador cardíaco. A técnica anestésica de escolha foi a anestesia geral venosa total (propofol, remifentanil, fentanil), monitorização básica e de índice bispectral associada com monitorização hemodinâmica avançada devido à condição clínica do paciente. Considerando o porte cirúrgico, decidiu-se por uma técnica não invasiva de monitorização de débito, o cuff de dedo para análise de contorno de curva de pulso. Término de procedimento sem intercorrências; não apresentou nenhum momento de hipotensão durante a anestesia e apresentou importante melhora de débito cardíaco após ativação do ressincronizador.. Paciente extubado ao final e encaminhado à UTI. 

Discussão: uma das grandes discussões da prática anestésica atual se baseia em como guiar a fluidoterapia; no paciente em questão, com uma cardiopatia grave já estabelecida, a janela terapêutica se torna bastante estreita, o que indica a necessidade de realizar uma monitorização hemodinâmica avançada. No entanto, pelo porte cirúrgico pequeno, uma solução seria a utilização de técnicas menos invasivas porém com nível de acurácia aceitável. Com a utilização de um método completamente não invasivo foi possível a monitorização contínua do débito cardíaco, assim como de variáveis dinâmicas de fluido responsividade. Outra vantagem deste método é a monitorização contínua da pressão arterial, já que é derivada uma curva de pressão arterial equiparável à da artéria braquial, considerando evidências que apontam para possibilidade de lesão miocárdica e renal com apenas 10 minutos de hipotensão. O método utilizado foi o cuff de dedo com análise de contorno de curva de pulso não calibrado, utilizando-se de uma base de dados para calcular os parâmetros desejados (peso, altura, sexo e idade). Uma possível fonte de interferência à acurácia desse método é a presença de arritmias, porém a fibrilação atrial de base deste paciente não foi considerada importante suficiente para causar essa alterações, visto que a mesma se encontrava controlada com medicação.

Referência 1

Silva ES, Perrino AC , Teruya A et al. Consenso Brasileiro sobre terapia hemodinâmica perioperatória guiada por objetivos em pacientes submetidos a cirurgias não cardíacas: estratégia de gerenciamento de fluidos - produzido pela Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP). Rev. Bras. Anestesiol. 2016; 66(6):557-71.

Referência 2

Raval NY, Squara P, Cleman M et al. Multicenter evaluation of noninvasive cardiac output measurement by bioreactance technique. J Clin Monit Comput. 2008 Apr;22(2):113-9.

Palavras Chave

Hemodynamic monitoring; MONITORIZAÇÃO; Insuficiência cardíaca