Dados do Trabalho
Título
Manejo intraoperatório de hipoxemia em paciente submetida à Pneumectomia: um relato de caso
Descrição
Introdução: A ventilação monopulmonar é uma técnica frequente na anestesia para cirurgia torácica, que permite exposição cirúrgica adequada e manutenção da oxigenação [1, 2]. Ainda assim, 4-10% dos pacientes apresentam dessaturação para níveis abaixo de 90% no intraoperatório [2]. Neste relato, abordamos o manejo intraoperatório de hipoxemia em paciente submetida à pneumectomia sob ventilação monopulmonar. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, 59 anos, tabagista (40 anos-maço), a ser submetida à lobectomia pulmonar direita. Realizada anestesia geral balanceada, com intubação por visualização direta por laringoscópio simples com tubo orotraqueal (TOT) de Carlens 35 esquerdo, sendo o posicionamento confirmado por fibroscopia. No intraoperatório, a equipe cirúrgica refere necessidade de ampliação do procedimento, sendo realizada pneumectomia direita. Durante o ato, paciente apresentou hipoxemia refratária a ajustes dos parâmetros ventilatórios, com FiO2 de 100%, titulação da PEEP e recrutamento manual. Mantido o quadro, optou-se por realizar ventilação em campo cruzado, com o tubo endotraqueal estéril inserido na via aérea distal pelo cirurgião sob visualização direta, permitindo retorno à ventilação adequada. Realizou-se períodos de apneia intercalados com períodos de ventilação, coordenados com equipe cirúrgica, viabilizando o procedimento sem novas intercorrências. Ao final da cirurgia, foi realizada intubação retrógrada, com progressão de fio guia a partir da via aérea distal, permitindo a inserção do TOT e adequação do seu posicionamento. Com a melhora da hipoxemia, a paciente foi extubada em sala, sendo encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estável e em bom padrão respiratório com cateter nasal a 4L/min. Discussão: A ventilação monopulmonar é viabilizada por dispositivos como o tubo endotraqueal duplo-lúmen (TDL), sendo seu posicionamento inadequado uma das principais causas modificáveis de hipóxia intraoperatória [2]. A broncoscopia é um recurso essencial para confirmar a posição do TDL - através desse procedimento reduz-se o risco de dessaturação no intraoperatório, uma vez que se constatou mau posicionamento dos dispositivos em 20-48% dos casos [2]. Em caso de hipoxemia refratária aos ajustes de parâmetros ventilatórios e com o posicionamento do TOT confirmado, um recurso adequado a pacientes que já apresentam a via aérea seccionada é a ventilação em campo cruzado [1]. Nesse cenário, o cirurgião insere um tubo endotraqueal ou endobronquial na via aérea distal do paciente e o conecta a um circuito estéril, permitindo retornar à ventilação mecânica [1], podendo ser necessário manter o paciente sob apneia intermitente [1]. Ao final da reconstrução cirúrgica, o cirurgião auxilia o anestesista em progredir e posicionar o TOT adequadamente [1]. Esta técnica, bem como a boa comunicação entre a equipe cirúrgica e anestésica, foi o recurso que permitiu a ventilação adequada do paciente e sua boa recuperação diante de tal complicação.
Referência 1
Li LT, Chitilian HV, Alfille PH et al. Airway management and anesthesia for airway surgery: a narrative review. Transl Lung Câncer Res. 2021;10(12):4631-4642.
Referência 2
Langiano N, Fiorelli S, Deana C et al. Airway management in anesthesia for thoracic surgery: a "real life" observational study. J Thorac Dis. 2019; 11(8):3257-3269.
Palavras Chave
Ventilação Monopulmonar; Hipóxia; Anestesia
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO HOSPITAL LUXEMBURGO - BH - Minas Gerais - Brasil
Autores
ANA FLÁVIA LIMA RUAS, RUI GUILHERME GOMES BRAGA, KATIA SANTOS OLIVEIRA, TAYRONE RODRIGUES GONÇALVES, VICTOR CAMPOS GUIMARÃES, RENATO GOMEZ SANTIAGO