Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: manejo anestésico de paciente com Síndrome de Eisenmenger para hernioplastia epigastrica

Descrição

INTRODUÇÃO: A síndrome de Einsenmenger (SE) é a forma mais grave de hipertensão pulmonar de origem congênita associada a shunt em adultos. Mesmo procedimentos cirúrgicos de baixo risco apresentam índice de mortalidade peroperatória superior a 19% nesses pacientes, exigindo bom planejamento anestésico. RELATO DE CASO: Homem, 49 anos, portador de SE, classe funcional NYHA III, ASA IV, admitido para hernioplastia epigástrica. Ecocardiograma: fração de ejeção: 32%, comunicação interventricular com shunt bidirecional, pressão sistólica de artéria pulmonar:107, aumento das quatro câmaras, hipocinesia difusa das paredes do ventrículo esquerdo e disfunção global do direito. Laudos da pneumologia e cardiologia informam otimização máxima da doença de base e liberação para cirurgia. Ato anestésico: acesso periférico calibroso e pressão arterial invasiva, indução com alfentanil, lidocaína, midazolam, etomidato e rocurônio. Ventilação por máscara laríngea (ML). Níveis pressóricos mantidos com fenilefrina contínua. Bloqueio de bainha dos retos e TAP block por ultrassom com ropivacaína 0,4%, totalizando 80 mL. Após a cirurgia, foi feita reversão de ação das drogas de indução com sugamadex, flumazenil e naloxona. Encaminhado ao CTI estável do ponto de vista respiratório e hemodinâmico, sem queixas. DISCUSSÃO: A SE consiste em grande defeito congênito intra ou extra cardíaco, causando shunt sistêmico-pulmonar que gera aumento progressivo nas pressões da circulação pulmonar, shunt reverso ou bidirecional, remodelamento da vasculatura e obstrução ao fluxo sanguíneo. Possíveis consequências são hipoxemia, cianose, diátese hemorrágica, hemoptise, arritmias, tromboembolismo e eritrocitose. Deve-se evitar a redução da resistência vascular sistêmica (RVS), que pode resultar em aumento do shunt direita-esquerda e causar redução no fluxo sanguíneo cerebral e colapso cardiovascular . O shunt direita - esquerda pode ainda aumentar o tempo da indução inalatória e redução da venosa, por possível bypass pulmonar. As drogas e doses usadas na indução do caso descrito foram eleitas por apresentar menor influência hemodinâmica e reversão mais rápida. Apesar do uso da vasopressina ser preferível à fenilefrina por elevar a RVS sem aumento da resistência vascular pulmonar (RVP), não houve prejuízo à hemodinâmica do paciente em questão com o uso desta. Estudos sugerem que não há uma técnica anestésica ideal para a proteção miocárdica destes pacientes. No entanto, apesar da possibilidade de acarretar aumento pressórico no coração direito, a anestesia geral com ventilação mecânica tem sido preferida à anestesia regional por evitar o bloqueio simpático que geralmente acompanha a última. Optamos pela realização do bloqueio periférico para a cirurgia proposta, visando a redução do uso de opioides e menor impacto hemodinâmico, ademais o uso da ML em detrimento intubação orotraqueal visa reduzir a influência sobre a RVP e evitar o estímulo simpático da laringoscopia.

Referência 1

Arvanitaki A, Gatzoulis MA, Opotowsky AR, et al.: Eisenmenger syndrome: JACC state-of-the-art review . J Am Coll Cardiol. 2022, 79:1183-98.

Referência 2

Martin, John T., Timothy J. Tautz, and Joseph F. Antognini. "Safety of regional anesthesia in Eisenmenger's syndrome." Regional anesthesia and pain medicine. 2002; 27:509-513.

Palavras Chave

Einsenmenger; anestesia regional; Manejo Anestésico

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

Hospital Municipal Nossa Senhora de Nazareth - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

VIVIAN SYRIO PESSOA, ANDRE TEIXEIRA STEHLING, CAROLINE GUIMARÃES SIQUEIRA