Dados do Trabalho


Título

ANESTESIA PARA TRATAMENTO INTRAPARTO EXTRA-ÚTERO EM FETO COM DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL DE TUMOR EPIGNATHUS: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução: A anestesia para tratamento intraparto extra-útero é uma técnica que mantem a circulação uteroplacentária durante procedimentos que assegurem a oxigenação em diagnósticos de anomalias congênitas com potencial de obstrução extrínseca da via aérea. Relato de caso: Mulher de 32 anos G3 P1 C0 A1, com 35 semanas de gestação, apresentava feto com diagnóstico intraútero de tumor epignathus gigante medindo 10,6 x 10,1 x 8,7 cm (LL x CC x AP). Foi realizado raquianestesia analgésica sendo administrado bupivacaína hiperbárica 2,5mg e 80ug de morfina, seguida de indução à anestesia geral com propofol, fentanil e rocurônio, para manutenção foi administrado sevoflurano buscando o alvo de 2 CAM. Além da anestesia inalatória que já promove um grau de relaxamento uterino, foi associada nitroglicerina em bomba de infusão contínua a 0,5 ug/kg/min. Visando controlar o risco potencial de hipotensão, foi instalado noradrenalina em cateter venoso central, sendo titulado de acordo com a necessidade. Para imobilidade e analgesia fetal foi administrado 5ug/kg de fentanil e 0,2mg/kg de pancurônio no feto intraútero guiado por USG. Após a histerotomia, a cabeça e pescoço foram exteriorizados, sendo realizado a traqueostomia em menos de 10 minutos, sob monitorização com cardiotocografia. Após o fim do procedimento que garantiu via aérea, o cordão foi clampeado, o recém-nascido apresentou frequência cardiaca menor que 60, desta forma foi iniciado RCP e cateterização umbilical venosa. Foram administradas 7 doses de adrenalina e duas expansões volêmicas com 20ml/kg e após 20 minutos o recém-nascido apresentou melhora da frequência cardíaca, sendo transferido para UTI. O RN nasceu com 2.880g, sendo realizada a cirurgia corretiva do tumor duas semanas após o nascimento sem intercorrências. Discussão: O controle pressórico materno e relaxamento uterino são essenciais para manutenção da circulação uteroplacentária, que irá proporcionar o tempo necessário para obtenção da via aérea. Para o controle do relaxamento uterino se utilizou o sevoflurano em 2 CAM, associado a nitroglicerina que tem farmacocinética adequada ao procedimento, com início e término de ação rápidos. Para controle de respiração e movimentos fetais, o feto recebeu fentanil e pancurônio, que pela sua atividade vagolítica, favorece o débito cardíaco fetal. O tumor epignathus é um tumor congênito raro que se projeta através da boca, desta forma tem potencial de insuficiência respiratória grave obstrutiva logo após o nascimento, o EXIT entra nesse cenário como alternativa para gerenciamento da patência da via aérea antes do clampeamento do cordão umbilical.

Referência 1

Spiers A, Legendre G, Biquard F, Descamps P, Corroenne R. Ex utero intrapartum technique (EXIT): Indications, procedure methods and materno-fetal complications - A literature review. J Gynecol Obstet Hum Reprod. 2022 Jan;51(1):102252. doi: 10.1016/j.jogoh.2021.102252. Epub 2021 Oct 9. PMID: 34638008.

Referência 2

Kirishima M, Yamada S, Shinya M, Onishi S, Goto Y, Kitazono I, Hiraki T, Higashi M, Hida AI, Tanimoto A. An autopsy case of epignathus (immature teratoma of the soft palate) with intracranial extension but without brain invasion: case report and literature review. Diagn Pathol. 2018 Dec 22;13(1):99. doi: 10.1186/s13000-018-0776-y. PMID: 30579363; PMCID: PMC6303979.

Palavras Chave

exit; tumor; epignathus

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSP.N.SRA.DAS GRAÇAS - CURITIBA - Paraná - Brasil

Autores

IGOR BIANCO, FERNANDA MARIA SPAGNUOLO MOREIRA, ERICK FELIPE OKUMA, EDUARDO DE FREITAS MONTIN, ROHNELT MACHADO OLIVEIRA, EROS ROBERTO SILVA