Dados do Trabalho


Título

ANESTESIA GERAL MULTIMODAL POUPADORA DE OPIÓIDES EM PORTADORA DE CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS SUBMETIDA A NEFRECTOMIA PARCIAL VIDEOLAPAROSCÓPICA: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução: Para evitar sensibilização central e dor crônica pós-cirúrgica, opióides são usados durante todo peri-operatório. Apesar da potente analgesia, o uso pode gerar efeitos colaterais, como depressão respiratória, retenção urinária, náusea, vômitos, constipação, tolerância e dependência.¹ Assim, para reduzir o tempo de internação, evitar iatrogenia e permitir reabilitação precoce, como previsto pelo protocolo ACERTO, indica-se, hoje, poupar essas drogas, inserindo-as, se preciso, em esquema multimodal¹. Tal quadro ganha validade sobretudo na cena oncológica, com indicação de opióides para dor moderada-intensa em tratamento primário ou tumores metastáticos e complicações dolorosas². Ademais, essas drogas promovem angiogênese tumoral, crescimento e micrometástases¹. Logo, poupar o uso de opiáceos significa mitigar efeitos secundários e reservar sua força para proveito futuro. Relato de Caso: D.S.F., mulher, 71 anos, ASA II, hipertensa e tabagista em uso de Atenolol, sem alergias e outras comorbidades. Para procedimento cirúrgico proposto a paciente foi submetida à anestesia venosa combinada com anestesia de neuro-eixo e infiltração local em incisão cirúrgica. Feita nefrectomia parcial direita laparoscópica, linfadenectomia com exérese de tumores retroperitoneais malignos e nefropexia unilateral, com duração de 4h25. Na sedação pré bloqueio de neuro-eixo utilizou-se fentanil 50µg e midazolam 1mg. Realizado raquianestesia sem intercorrências, utilizando bupivacaína pesada 10mg e morfina 60µg. Em seguida realizada indução anestésica com sufentanil 15µg, lidocaína sem vasoconstritor 80mg, propofol e rocurônio. Paciente mantida em manutenção anestésica utilizando propofol em TCI fast marsh e dexmedetomidina 0,5µg/kg/min. Monitorizada com ECG, oxímetro, capnógrafo, diurese, PNI e BIS. Ao final, infiltração local com Ropivacaína 0,75% 112,5mg e sintomáticos endovenosos. Paciente com alta hospitalar em 24 horas do evento, deambulando e sem queixas. Discussão: A eleição de uma anestesia combinada (venosa total e raquianestesia), poupadora de opióide, baseou-se em diminuir e evitar os efeitos colaterais atribuíveis aos opióides, sobretudo em portadores de neoplasias. A técnica utilizada reduziu o uso de opiáceos e incluiu adjuvantes, com boas propriedades anestésicas, garantindo adequada analgesia e conforto à paciente. Buscou-se uma adequada recuperação pós-operatória, como proposto pelos protocolos, percebido com a alta precoce, com menos de 24 horas da cirurgia. Assim, mesmo em um procedimento complexo, com variadas repercussões hemodinâmicas, atingiu-se adequado manejo anestésico. Escolher a técnica anestésica, bem como os fármacos para o paciente oncológico é complexo. Portanto, ponderar riscos e benefícios deve ser o foco do profissional responsável pelo ato anestésico.

Referência 1

De Cassai A, Geraldini F, Tulgar S, Ahiskalioglu A, Mariano ER, Dost B et al. Opioid-free anesthesia in oncologic surgery: the rules of the game. Journal of Anesthesia, Analgesia and Critical Care 2022; 2: 8.

Referência 2

Paice JA, Bohlke K, Barton D, Craig DS, El-Jawahri A, Hershman DL et al. Use of Opioids for Adults With Pain From Cancer or Cancer Treatment: ASCO Guideline. JCO 2023; 41: 914–930.

Palavras Chave

Anestesia Balanceada; Analgésicos Opióides; Oncologia Cirúrgica

Área

Anestesia Geriátrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - Minas Gerais - Brasil

Autores

LUCAS ABREU DIAS, ALISSON RAFAEL DE OLIVEIRA PEREIRA, RAISSA MOURA TOMICH