Dados do Trabalho


Título

Anestesia para adrenalectomia videolaparoscópica em paciente com feocromocitoma e síndrome do QT-longo congênito: um relato de caso

Descrição

Introdução: A síndrome do QT longo é um distúrbio da repolarização ventricular miocárdica que pode levar a arritmias ventriculares e aumento do risco de morte. O feocromocitoma é a neoplasia do tecido cromafim produtor de catecolaminas que pode colocar o paciente em condição de labilidade da pressão arterial e de arritmia. Relato: G.L.S., 23 anos, sexo feminino, 87 kg e 190 cm, com Síndrome do QT longo tipo II, portadora de CDI e em uso de propranolol, apresentando feocromocitoma em adrenal esquerda. Indicado adrenalectomia. Realizado preparo com alfa-bloqueio com doxazosina por 10 dias. A paciente foi monitorizada segundo padrão da ASA, BIS e obtido acesso venoso periférico. Na admissão: PA 125x71mmHg, FC 82bpm, SpO2 de 98% em AA. A terapia de choque do CDI foi desativada e mantido o modo marca-passo. Foi realizada anestesia geral venosa total alvo-controlada com propofol e remifentanil, sufentanil e rocurônio. Administrado adjuvantes: clonidina e sulfato de magnésio. Após IOT, obtido PAI, acesso venoso central e realizado bloqueio do gânglio estrelado esquerdo com ropivacaína, guiado por ultrassom, a fim de reduzir a resposta simpática pela manipulação do tumor. Durante o intraoperatório, após manipulação tumoral, houve descarga catecolaminérgica, com valores de PAM acima de 130mmHg, sendo necessário infusão de nitroprussiato. PAM permaneceu elevada até o clampeamento dos vasos que drenam a glândula, após clipagem, foi necessário uso de vasopressor. Ao fim, a paciente encontrava-se estável hemodinamicamente e sem uso de drogas vasoativas. Após a ressecção do tumor, o BNM foi revertido e a paciente extubada (TOF > 0,9). Discussão: Durante a Adrenalectomia, a liberação em excesso de catecolaminas pode resultar em diversos distúrbios graves e principalmente hemodinâmicos, como hipertensão arterial, isquemia, dissecção aórtica e taquiarritmias. Requer preparo com terapia pré-operatória (bloqueio alfa-adrenérgico ou o bloqueio combinado alfa e beta-adrenérgico) a fim de minimizar o impacto da liberação de catecolaminas. A condução anestésica objetiva controlar hipertensão arterial e arritmias. Os pacientes portadores da síndrome do QT longo, quando submetidos a procedimentos cirúrgicos ou anestésicos, têm risco aumentado de desenvolver arritmias ventriculares perioperatórias, sendo considerados de alto risco para Torsades de Pointes durante todo o período perioperatório, tanto pela ansiedade, motivo o qual medicações pré-anestésicas são recomendadas, quanto por todo o período peri-anestésico, se fazendo necessário reduzir a exposição a fatores torsadogênicos, evitando drogas capazes de prolongar o intervalo QT. Para estes pacientes é fundamental a monitorização padrão ASA, preparo anestésico e atenção especializada para reduzir a estimulação simpática. Casos assim criam um cenário desafiador para o anestesiologista, exigindo atenção e preparo complexo por parte do manejo perioperatório.

Referência 1

Lorentz MN, Ramiro FG. Anestesia e síndrome do QT longo. Rev. Bras. Anestesiol. Outubro de 2007; 57(5):543-8. Português. PMID: 19462131.

Referência 2

Shamsuddin Akhtar, Stephanie B Jones, Marianna Crowley, MD. Anesthesia for the adult with pheochromocytoma - jun,2024 - UpToDate

Palavras Chave

Adrenalectomia; Síndrome do QT-longo; Anestesia

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

MALU OLIVEIRA CUNHA, COROLINE IRENE DE CARVALHO ZOLD, GUILHERME NEUBERN FARIA, RENATA CRISTINA LIAN, JOAO MIGUEL AMORIM NETO, JOSE VICTOR ROVERONI ZUNTINI