Dados do Trabalho
Título
Óxido Nítrico Inalado no Manejo Perioperatório: Benefícios, Desafios e Perspectivas Futuras
Descrição
O Óxido Nítrico Inalado (iNO) avançou significativamente o manejo da hemodinâmica pulmonar e da hipertensão pulmonar. Apesar de seus benefícios bem documentados, especialmente em pacientes pediátricos, seu impacto em transplantes cardíacos e pulmonares permanece incerto.
O óxido nítrico é essencial em vários processos fisiológicos e pode ser administrado terapeuticamente por inalação. O iNO reduz a necessidade de suporte de ECMO na hipertensão pulmonar neonatal ou falência respiratória hipóxica, mas ainda é considerado off-label para adultos.
A pesquisa em cirurgia cardíaca focou na segurança, na eficácia em comparação com outros vasodilatadores, nas respostas de dose e na identificação de circunstâncias benéficas. O iNO foi mais eficaz que a milrinona na redução da RVP em pacientes adultos de cirurgia cardíaca e comparável aos vasodilatadores intravenosos sem alterar a hemodinâmica sistêmica. O iNO facilitou o desmame da circulação extracorpórea, reduziu o suporte inotrópico ou vasopressor e encurtou o tempo de ventilação mecânica e de permanência na UTI.
O aumento da pós-carga do ventrículo direito após a cirurgia cardiotorácica, causado por fatores como hipertensão pulmonar pré-existente, uso de protamina e circulação extracorpórea, leva à disfunção endotelial pulmonar e aumento da pós-carga do VD. O potencial do iNO para regular as respostas inflamatórias relacionadas à cirurgia cardíaca e aos processos de isquemia-reperfusão é notável.
Em receptores de transplante cardíaco, o iNO mostrou-se promissor na redução da resistência vascular pulmonar e das pressões, crucial para a pós-carga ventricular direita. No entanto, as evidências que apoiam seu uso rotineiro são limitadas.
No transplante pulmonar, o iNO poderia melhorar a troca gasosa controlando a distribuição do fluxo sanguíneo e melhorando a correspondência ventilação-perfusão. No entanto, nenhuma diferença na incidência de lesão pulmonar aguda foi observada entre os pacientes que receberam iNO e aqueles que não receberam.
Apesar de quase três décadas de aplicação, áreas críticas permanecem incertas, como a dosagem e o momento ideais da administração do iNO. Doses mais altas podem não oferecer benefícios adicionais, e o melhor grupo de pacientes para proteção de órgãos perioperatória com NO é indeterminado. Estudos clínicos extensos são necessários para determinar a dosagem ideal, os métodos de administração, a duração da terapia, o impacto nos desfechos e os benefícios a longo prazo. Questões logísticas e altos custos de aplicação restringem ainda mais a pesquisa científica, necessitando de soluções alternativas.
Em conclusão, enquanto o iNO mostra grande promessa no manejo da hemodinâmica pulmonar, mais pesquisas são imperativas para estabelecer seu papel preciso, diretrizes de dosagem e impacto nos desfechos dos pacientes. A colaboração internacional é necessária para abordar essas lacunas e garantir que o iNO permaneça uma ferramenta valiosa no manejo perioperatório.
Referência 1
1- M. Benedetto, G. Piccone, L. Gottin, A. Castelli, and M. Baiocchi, “Inhaled Pulmonary Vasodilators for the Treatment of Right Ventricular Failure in Cardio-Thoracic Surgery: Is One Better than the Others?,” J. Clin. Med., vol. 13, no. 2, 2024, doi: 10.3390/jcm13020564
Referência 2
2- N. O. Kamenshchikov, N. Duong, and L. Berra, “Nitric Oxide in Cardiac Surgery: A Review Article,” Biomedicines, vol. 11, no. 4, pp. 1–29, 2023, doi: 10.3390/biomedicines11041085.
Palavras Chave
Anestesia; óxido nitrico; cirurgia cardíaca
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
BRUNO VINÍCIUS CASTELLO BRANCO, MÁRCIO ERLEI VIEIRA DE SÁ FILHO, GEOVANA TORRES DE SOUZA, CAMILA GOMES DALL'AQUA, DAVID RIBEIRO DO NASCIMENTO, MARINA AYRES DELGADO