Dados do Trabalho


Título

Anestesia para paciente com síndrome carcinóide: relato de caso

Descrição

Introdução: Os tumores neuroendócrinos (NET) são neoplasias incomuns, de crescimento lento e elevado potencial de metástase. Podem ter origem em diversos órgãos, prevalência maior em trato gastrointestinal (TGI) e pulmões. Pacientes diagnosticados com NET podem desenvolver a síndrome carcinóide, causada pela liberação de substâncias vasoativas e caracterizada por um quadro de instabilidade hemodinâmica, broncoespamo, flush facial, diarreia e dor abdominal. Essa condição clínica pode ser precipitada, principalmente, por situações de estresse como indução anestésica e extubação, manipulação tumoral, espontaneamente, dentre outros. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 41 anos, eutrófico, com diagnóstico de NET com metástase para peritônio e fígado, provável sítio primário em TGI. Relatava episódios de crise carcinóide recorrentes, apresentando dor abdominal intensa, diarreia, náuseas e flush facial. Em uso de lanreotida, patches de fentanil, gabapentina, metadona, loperamida e ondansetrona. Admitido, eletivamente, para ressecção de metástases e controle dos sintomas. Hb: 12,7; Plaq: 165.000; Cr: 1,25; INR: 0,98; TTPA: 1,07; K: 3,9; Na: 142. ECG sem alterações. Boa capacidade funcional. Monitorização com cardioscopia, termômetro, capnografia, oximetria, BIS e pressão arterial invasiva após ansiólise. Realizado bloqueio epidural e administrado 20 mL de ropivacaína 0,3%, associado à passagem de cateter. Indução intravenosa (IV): octreotide 100mcg e difenidrina 50mg, fentanil 500mcg, lidocaína 100mg, propofol 100mg e rocurônio 50mg. Paciente apresentou leve hipotensão, taquicardia e flush facial, sendo controlados com infusão IV contínua de octreotide 100mcg/h e de noradrenalina 0,1-0,2mcg/kg/min. Manutenção da anestesia com inalação de sevoflurano 1,5% e repiques de ropivacaína em cateter epidural de 0,1% - 10mL. Cirurgia transcorrida sem outras intercorrências. Paciente encaminhado à UTI após extubação, estável hemodinamicamente, em ar ambiente e em uso de bomba de PCA. No 5º dia de pós-operatório, recebeu alta hospitalar sem novas crises durante a internação e sem opióides para controle dos sintomas. Discussão: O manejo perioperatório de pacientes com tumor carcinoide é um desafio para o anestesiologista. Tanto o estímulo cirúrgico quanto o anestésico podem ocasionar a liberação de substâncias vasoativas, como histamina, serotonina, bradicininas, causando a síndrome carcinóide. Adicionalmente pode haver associação de doença cardíaca à síndrome carcinóide, levando a um quadro de insuficiência cardíaca, valvopatias e distúrbios de condução. Torna-se importante a realização de um ecocardiograma pré-operatório. O tratamento inclui a cirurgia para ressecção tumoral e quimioterapia. A síndrome carcinóide pode ser controlada com análogos da somatostatina. A prevenção da síndrome com octreotida ainda é controversa, mas continua sendo utilizada no perioperatório pelos anestesiologistas devido ao seu baixo custo e elevado perfil de segurança.

Referência 1

Xu, A.; Suz, P.; Reljic, T. et al. Perioperative Carcinoid Crisis: A Systematic Review and Meta-Analysis. Cancers (Basel). 2022;14(12):2966.

Referência 2

Fernandes M, Jorge N, Norton M. General Anesthesia in a Patient with a Lung Carcinoid Tumor with Hepatic and Bone Metastases: A Case Report. Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia.2022; 31:77-79.

Palavras Chave

Síndrome carcinóide; octreotida; tumor neuroendócrino

Área

Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Ceará - Brasil

Autores

FRANCISCO ALVES PASSOS FILHO, DENISE ARAÚJO SILVA NEPOMUCENO BARROS, LAYANA VIEIRA NOBRE, ZILVANA MARIA ANDRADE FONTELES, RENATO LABANCA DELGADO PERDIGÃO, FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA