Dados do Trabalho


Título

NEUROESTIMULADOR DO GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL PARA O TRATAMENTO DE DOR PÉLVICA CRÔNICA E NEUROPATIA ACTÍNICA - RELATO DE CASO

Descrição

A dor pélvica crônica é uma condição neuropática complexa, que, historicamente, tem sido difícil de tratar. O Gânglio da Raiz Dorsal (GRD) é um alvo de neuromodulação devido à sua via de transmissão da dor. O neuroestimulador do GRD permite uma localização mais precisa do que o neuroestimulador convencional de medula espinhal. Este relato de caso tem como objetivo demonstrar informações clínicas e de tratamento minimamente invasivo, por meio do neuroestimulador do GRD, visando expandir evidências favoráveis sobre este dispositivo no manejo da dor pélvica crônica, associada a neuropatia actínica, refratária aos tratamentos comuns. Paciente feminina, 66 anos, diagnosticada com câncer uterino em 2006, realizou histerectomia, quimioterapia e radioterapia previamente. O quadro clínico era de dor em períneo e púbis com irradiação até a planta dos pés, de forte intensidade, em “queimação”, associada a alodínia e hiperalgesia. Apresentava diminuição de força na região anterior da coxa esquerda e posterior do membro inferior direito. Referia parestesia intensa em ambos os membros inferiores, pior à esquerda, incapacidade de andar mínimas distâncias e de permanecer em uma só posição em pé ou sentada por curtos períodos. Não houve resposta analgésica satisfatória a qualquer terapia medicamentosa como, por exemplo, opióides (tramadol, codeína, buprenorfina, oxicodona, metadona, morfina) e anticonvulsivantes mesmo em altas doses (gabapentina, pregabalina, carbamazepina, lamotrigina), também não houve resposta com neuroestimulação não invasiva através de radiofrequência transcutânea. Evoluiu com piora do quadro álgico que se tornou mais frequente, necessitando aumentar a dose de morfina para 20 mg de 6/6 horas. Houve episódios de quedas em decorrência das dores, da perda de propriocepção e da hipotonia em membros inferiores. A Eletroneuromiografia revelou polineuropatia predominante axonal, sensitiva e motora, comprometendo os membros inferiores com maior intensidade distal, de evolução crônica. A ressonância magnética da coluna lombar evidenciou hipossinal em asa sacral esquerda e nos componentes ilíacos das articulações sacroilíacas, associada a edema da medula óssea, sugerindo fratura por insuficiência, leve atrofia e lipossubstituição musculatura paravertebral. A paciente foi submetida a implante de neuroestimulador do GRD em L4 e S1 bilateralmente. Dois meses após o procedimento apresentou-se em bom estado geral, praticando academia 5 vezes por semana, em uso apenas de duloxetina 30mg/dia. Houve redução média da dor em mais de 80%, melhora significativa na qualidade de vida e uma diminuição considerável no consumo de medicamentos. O caso em questão demonstra que o neuroestimulador do GRD pode ser uma opção terapêutica reprodutível e eficaz no controle da dor pélvica crônica. São necessários mais casos futuros e estudos maiores, entretanto, esta tem sido uma modalidade de tratamento potencial pelas evidências emergentes, assim como no presente estudo.

Referência 1

Patel CB, Patel AA, Diwan, Sudhir. The role of Neuromodulation in Chronic Pelvic Pain: A Review Article. Pain Physician, 2022; 25: E531-E542.

Referência 2

Hunter CW, Yang A. Dorsal Root Galglion Stimulation for Chronic Pelvic Pain: A Case Series and Technical Report on a Novel Lead Configuration. Neuromodulation: Technology at the Neural Interface, 2018; 22: 87-95.

Palavras Chave

Glânglio da Raiz Dorsal; Neuroestimulador; Dor crônica

Área

Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DO HOSPITAL VERA CRUZ - São Paulo - Brasil

Autores

LARYSSA ALVES DE FARIAS, PEDRO DE SOUZA CAMPOS, RAFAELA HOLTZ CRISTO, JOSÉ LUIZ DE CAMPOS, WALTER LUIZ FERREIRA LIMA, LEANDRO MARQUES CORRÊA