Dados do Trabalho


Título

Estado de mal epilético após anestesia para correção cirúrgica de fratura de rádio : Relato de caso

Descrição

Introdução: O sistema nervoso central é o responsável por receber e integrar diversas informações no organismo, controlando desde atividades autonômicas, até memória, emoções e percepção somática, sendo o principal alvo de agentes anestésicos. Apesar de grande importância, sua monitorização não é rotineiramente realizada durante o período perioperatório. Relato de caso: Paciente de 41 anos, com histórico de transtorno depressivo, etilismo, foi submetida a correção de fratura de rádio esquerdo sob anestesia geral balanceada e bloqueio de plexo braquial supraclavicular. Indução realizada com opioide (fentanil 2 mcg/kg), hipnótico (propofol 2 mg por kg), cetamina (0,3 mg por kg) e rocurônio (0,6 mg por kg). Bloqueio de plexo braquial guiado por ultrassonografia e administração de 15 ml de levobupivacaína 0,5%. Durante período intraoperatório, apresentou episódio de hipotensão e dessaturação, corrigido com vasopressor. Após extubação, evoluiu com episódios tônico-clônicos refratários às medidas clínicas para controle de episódio epiléptico (Midazolam e fenitoína endovenosos), cursando com episódios múltiplos, prolongados e sem retorno ao nível de consciência. Optou-se por reintubação com VM, punção de acesso central, sedação com Midazolam e transferência ao CTI. As tomografias do dia do episódio, de 24 e 48 horas não demonstraram qualquer alteração estrutural. A ressonância de crânio com 3 dias demonstrou achados compatíveis com status epiléptico. A despeito das medidas de tratamento farmacológico otimizadas do quadro, paciente evoluiu para quadro de coma vigil. Discussão: Embora de grande relevância clínica, a paciente não relatou sobre o quadro de epilepsia prévia e de difícil controle em consulta pré-anestésica, de modo que não foi realizada abordagem clínica da epilepsia antes do procedimento. As monitorizações utilizadas durante o ato anestésico (capnografia, oximetria, pressão arterial, cardioscopia) ainda que garantam contínua observação do sistema cardiopulmonar, não trazem informações sobre o estado do sistema nervoso central. O manejo anestésico de pacientes com história de crise convulsiva ou estado epiléptico requer uma abordagem multidisciplinar para minimizar o risco de complicações intra e pós-operatórias. A escolha de agentes anestésicos e estratégias perioperatórias deve ser cuidadosa para garantir segurança e eficácia em cada caso de modo individual. Desta forma, torna-se imprescindível uma avaliação pré-operatória detalhada, planejamento anestésico personalizado e monitorização intensiva para pacientes com condições neurológicas complexas submetidas a cirurgia. A colaboração entre equipes multidisciplinares é crucial para otimizar os resultados clínicos e reduzir os riscos associados

Referência 1

Silbergleit, R., Durkalski, V., Lowenstein, D., Conwit, R., Pancioli, A., Palesch, Y., ... & Shneker, B. (2012). Intramuscular versus intravenoustherapy for prehospital status epilepticus. *New EnglandJournal of Medicine*, 366(7), 591-600.

Palavras Chave

Epilepsia; MONITORIZAÇÃO

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET SERV.ANEST.HUFJUIZ DE FORA - Minas Gerais - Brasil

Autores

KAMILA ALVES DA SILVA FERREIRA, GIOVANI ALVES MONTEIRO, ZAMIR FERNANDO SANCHEZ GUERRERO, JESSIKA STEPHANI SILVA CARDOSO, KAREN TOLEDO MORAIS IGLESIAS, JOSE MARIANO SOARES DE MORAES