Dados do Trabalho
Título
Incidências de parada cardíaca intraoperatória e da sua mortalidade até 30 dias de pós-operatório em um hospital público universitário: estudo observacional
Descrição
Justificativa e objetivos: A parada cardíaca (PC) é uma complicação rara durante o período intraoperatório com possibilidade de desfecho catastrófico. Existem poucos estudos no mundo avaliando a mortalidade até 30 dias após a parada cardíaca intraoperatória (PCI).1,2 O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução da incidência de PCI e de seu desfecho até 30 dias de pós-operatório e determinar seus preditores, em um hospital universitário brasileiro.
Método: Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, foi realizado um estudo observacional, retrospectivo, de 2005-2022, subdividido em três períodos (2005-2010, 2011-2016 e 2017-2022), para identificar as incidências de PCI e a mortalidade associada em 30 dias. O teste do X2 foi realizado para comparar variáveis dicotômicas (e.g., faixa etária, American Society of Anesthesiologists (ASA-PS), especialidade cirúrgica) e o Teste de Tukey com correção de Bonferroni para múltiplas comparações. Fatores associados à PCI e mortalidade foram identificados por meio de análise multivariada (odds ratio ajustado - aORs). Todas as incidências são expressas por 10.000 anestesias e intervalos de confiança (IC) de 95%.
Resultados: Em 154.178 procedimentos anestésicos consecutivos, as incidências de PCI (n=297) e mortalidade associada em 30 dias (n=248) diminuíram ao longo do tempo (2005-2010 versus 2017-2022) de 26,2 (IC 95% 21,0-31,5) para 15,3 (IC 95% 12,0-18,7) e de 23,45 (IC 95% 18,4-28,4) para 13,7 (IC 95% 10,5-16,9), respectivamente (P<0,001). Os fatores associados à PCI e mortalidade incluíram: idade < 1 ano (aOR=3,5 e aOR=4,4, respectivamente; P<0,001), ASA-PS III-V (aOR=13,8 e aOR=13,5, respectivamente; P<0,001), cirurgia de emergência (aOR=10,0 e aOR=11,1, respectivamente; P<0,001), procedimento cirúrgico realizado por múltiplas especialidades (aOR=9,1 e aOR=12,3; respectivamente; P<0,001), cirurgia cardíaca (aOR=7,6 e aOR=10,1, respectivamente; P<0,001), cirurgia vascular (aOR=6,2 e aOR=8,6, respectivamente; P<0,001) e cirurgia gastrointestinal (aOR=2,9 e aOR=3,9, respectivamente; P<0,001).
Conclusões: Apesar de um aumento ao longo do tempo na proporção de pacientes ASA-PS ≥ III e na complexidade cirúrgica, o estudo demonstrou melhorias na segurança anestésica ao longo de 18 anos em nossa instituição, com redução importante da PCI e de sua mortalidade associada. A identificação das incidências e fatores associados à PCI e à mortalidade é crucial para melhorar a segurança e a qualidade do atendimento ao paciente, especialmente em um ambiente com poucos recursos.
Referência 1
Sebbag I, Carmona MJC, Gonzalez MMC, et al. Frequency of intraoperative cardiac arrest and medium-term survival. Sao Paulo Med J. 2013;131:309-14.
Referência 2
2Kim SH, Kil HK, Kim HJ, et al. Risk Assessment of mortality following intraoperative cardiac arrest using POSSUM and P-POSSUM in adults undergoing non-cardiac surgery. Yonsei Med J. 2015;56:1401-7.
Palavras Chave
Parada Cardíaca; Período Pós-Operatório; Mortalidade
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DEP.ANEST.DA F.M.BOTUCATU - São Paulo - Brasil
Autores
BRUNO PONTES DE ARAUJO, ARTHUR CAUS DE MORAIS, JOÃO VITOR DE ÁVILA SOARES, LINDSON MUHLMANN, JESSICA GATTO JACOMINI PESSOTO, LEANDRO GOBBO BRAZ