Dados do Trabalho


Título

INJÚRIA RENAL AGUDA E MORTALIDADE PRECOCE NO TRANSPLANTE HEPÁTICO: ANÁLISE DA VARIAÇÃO DE CREATININA NOS PACIENTES TRANSPLANTADOS EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO

Descrição

Justificativa e objetivos: O transplante hepático (TH) é uma cirurgia complexa, em que, sabidamente, existe alta incidência de injúria renal aguda (IRA), a qual se associa à maior mortalidade após procedimentos cirúrgicos. Os critérios para IRA mais utilizados atualmente são preenchidos após 12 a 24 horas de ascensão da creatinina e presença de oligúria. Neste estudo, buscou-se relacionar um aumento do valor da creatinina durante o período da cirurgia com a mortalidade em 30 dias. Método: Foi realizado um estudo de coorte retrospectivo, por análise de prontuário eletrônico de 507 pacientes submetidos a TH no período de 01/2012 a 03/2022 em um hospital terciário no interior de São Paulo. Os valores de creatinina foram coletados imediatamente antes da cirurgia e à admissão em unidade de terapia intensiva (UTI). O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido foi dispensado pelo mesmo. Os critérios de exclusão utilizados foram: menores de 18 anos, pacientes submetidos a retransplante na mesma internação e a TH por hepatite fulminante. Resultados: Participaram efetivamente do resultado do estudo um total de 447 pacientes, com idade entre 20 e 76 anos, sendo 322 (72,0%) do sexo masculino. Entre os pacientes excluídos, 21 foram retransplantados, 16 apresentaram hepatite fulminante e em 23 houve falta de coleta de dados. Dos pacientes estudados, 56,8% (n=254) sobreviveram à cirurgia, enquanto 43,2% (n=193) foram a óbito, sendo observada uma taxa de mortalidade de 27,3% (n=122) em 30 dias. Quando se comparou o grupo óbito versus não óbito no primeiro mês, nota-se que os sobreviventes apresentaram valores menores de escore de MELD [Model for End-stage Liver Disease] (-2 pontos, p<0,001) e de índice de massa corporal (IMC) (-2 kg/m2, p=0,044), bem como menor variação ascendente nos valores de creatinina (sobreviventes -0,1 a 0,3 e óbito 0,0 - 0,5; p=0,021)[Tabela 1]. Dessa forma, observou-se um maior aumento de creatinina constatado precocemente (logo a chegada na UTI) nos pacientes que faleceram em até 30 dias. Tal fato demonstra que alterações renais perioperatórias estão relacionadas com maior morbi-mortalidade precoce e pior prognóstico dos pacientes, dados também ponderados por Mok et al. Além disso, fatores de risco, como alto escore de MELD pré-operatório, logo, pacientes mais descompensados clínica e laboratorialmente, foram relacionados com pior prognóstico renal pós operatório e suas complicações, como doença renal terminal e óbito, dados corroborados por Amaral et al. Conclusões: Apesar de na literatura se utilizar intervalos de tempo maiores para diagnóstico e classificação de IRA, neste estudo, observou-se que alterações ascendentes nos valores de creatinina em curto intervalo de tempo (durante o intraoperatório), foram associadas a maior mortalidade em 30 dias, corroborando dados consistentes na literatura que demonstram aumento da mortalidade na presença de IRA perioperatória.

Referência 1

Mok V, Nixon J, Hu J et al. The impact of perioperative acute kidney injury/failure on short and long surgical outcomes. Anesthesiology and Perioperative Science. 2023; 1 (2) :9.

Referência 2

Amaral B, Vicente M, Pereira CSM et al. Abordagem ao período pós-operatório inicial no transplante de fígado: um ponto de vista institucional. Rev bras ter intensiva. 2019 Oct; 31(4):561–70.

Palavras Chave

Transplante hepático; Mortalidade; Injúria renal aguda

Área

Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - São Paulo - Brasil

Autores

ANA LAURA MANTOVANI MUNIZ, FRANCISCO RICARDO MARQUES LOBO, ADRIANA ERICA YAMAMOTO, RICARDO COSTA NUEVO, PAULA TAVARES SILVEIRA, LÍVIA PEREIRA MIRANDA PRADO