Dados do Trabalho
Título
MIASTENIA GRAVIS: DESAFIOS E RELATO DE CASO
Descrição
Introdução: A miastenia gravis (MG) é uma doença crônica autoimune, caracterizada pela fraqueza da musculatura esquelética em decorrência da resposta imunológica contra os receptores de acetilcolina na placa neuromuscular. O manejo anestésico apresenta particularidades, principalmente, em relação ao manejo perioperatório do bloqueio neuromuscular. Relato de caso: Paciente, I.A.S., feminina, 30 anos, portadora de hepatocarcinoma e miastenia gravis. Na admissão para lobectomia hepática esquerda e colecistectomia, estava orientada com sinais vitais normais: PA 125x75mmHg, FC 80bpm, SPO2 99%, peso 52Kg e apresentava exames com os seguintes resultados: Hb 11,4 g.dL-1; plaquetas 295.000µL-1; INR 1,12; Cr 0,62mg.dL-1; ECG evidenciando taquicardia sinusal e ecocardiograma dentro dos parâmetros da normalidade. Monitorada com oximetria de pulso, cardioscopia, capnografia, termômetro, pressão arterial invasiva e índice bispectral com espectograma. Realizada peridural torácica (T10-11) com ropivacaína 0,3%, morfina 2mg e fentanil 100µg, com volume total de 20ml e passagem de cateter epidural. Em seguida, administrado indução anestésica: fentanil 450µg, lidocaína 80mg e propofol com infusão alvo-controlada guiado pelo índice bispectral. Manutenção com propofol e remifentanil. Gasometria arterial inicial: pH 7,42; PaCO2 33mmHg; PaO2 197mmHg; bicarbonato 21mEq.L-1; Ca 1,1mmol.L-1; Na 136mEq.L-1; K 3,6 mEq.L-1; Hb 9,6g.dL-1; Lactato 23mg.dL-1. Administrado hidrocortisona 200mg e noradrenalina em bomba de infusão contínua para manter PAM ≥ 65mmHg. No intraoperatório, foi administrado 10mL de ropivacaína 0,2% via peridural. Paciente extubada em sala de operação e admitida em UTI estável hemodinamicamente, sem depressão respiratória. Retirado cateter peridural no 1º dia pós-operatório (PO), sem necessidade de nova dose peridural, recebendo alta hospitalar sem queixas no 3º PO. Discussão: Diante deste caso, foi realizada técnica combinada de anestesia peridural torácica com venosa total utilizando agentes sistêmicos de curta duração com o objetivo de permitir recuperação e extubação precoce. Além disso, mediante aumento da sensibilidade aos bloqueadores neuromusculares (BNM) adespolarizantes, foi optado por não utilizar essa classe de fármaco, reduzindo o risco de depressão respiratória e necessidade de suporte ventilatório no pós-operatório. Portadores de MG são mais susceptíveis à complicações respiratórias perioperatórias devido sua resposta errática ao BNM e fraqueza muscular, sendo necessária monitorização contínua da função neuromuscular, além da individualização da técnica anestésica.
Referência 1
Marschall KE. Skin and Musculoskeletal Diseases. In: Hines RL, Marschall, KE. Stoelting’s Anesthesia and Co-existing Disease. 7 ed. Philadelphia, Elsevier, 2018; 507-537.
Referência 2
Medeiros MF, Nunes MV, Santos LGT et al. Implicações anestésicas na miastenia gravis: revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais. 2016; 26: 60-64.
Palavras Chave
Miastenia gravis; Bloqueio neuromuscular; Doenças raras
Área
Doenças Neuromusculares e Medicamentos
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Ceará - Brasil
Autores
GEÓRGIA ALMEIDA NOGUEIRA, DENISE ARAÚJO SILVA NEPOMUCENO BARROS, ROGER BENEVIDES MONTENEGRO, LARA GUERRA LUCENA MATIAS ALENCAR, NELY MARJOLLIE GUANABARA TEIXEIRA REIS, GERMANO PINHEIRO MEDEIROS