Dados do Trabalho


Título

Tratamento de Dor ocular em Gestante com Acanthamoeba

Descrição

INTRODUÇÃO: Dor, de acordo com a IASP, é definida como: 'Uma experiência emocional sensitiva e desagradável associada a uma lesão atual ou potencial de vir a ter lesão influenciada por fatores físicos, fatores psicológicos e fatores sociais'. Dor ocular é uma dor localizada na região do olho. Os principais sinais e sintomas são fotofobia, olho seco, queimação, facada e pontada. A dor é o sinal de alerta para trauma, inflamação e infecção no segmento anterior do olho. A córnea é a região mais inervada do corpo. Há diversas causas: infecções, pós-operatório, doenças sistêmicas e glaucoma. Existem relatos que a dor afeta a qualidade de vida em 60% dos pacientes. O objeto é descrever o manejo de dor ocular aguda. RELATO DE CASO: Feminino, 27 anos, gestante 11 semanas com Lúpus, em uso de hidroxicloroquina e prednisona. Procurou o serviço de oftalmologia com dor ocular intensa e fotofobia por duas semanas, sendo diagnosticada com ceratite por Acanthamoeba. Foi iniciado tratamento com colírio de biguanida e aciclovir e encaminhada ao serviço de dor. Após avaliação, foi associado gabapentina 900mg/dia, tramadol 400mg/dia e colírio anestésico. Por esta grávida, havia restrição ao uso de alguns medicamentos. O quadro álgico persistiu com intensidade 10/10 na Escala Visual Analógica de Dor, portanto foi indicado o bloqueio dos ramos perioculares: nervo supraorbital, infraorbital, supratroclear e infratroclear. Foi realizado infiltração por anatomia com 1,5ml em cada nervo com ropivacaína 0,2% + metilprednisolona 15mg. Após o bloqueio a paciente apresentou melhora completa da dor e da fotofobia. As medicações orais foram mantidas mesmo após o bloqueio. Após 2 dias, ocorreu retorno da dor, porém com menor intensidade EVA 5/10. Em seguida, a paciente evoluiu para realização de transplante de córnea para tratamento definitivo da doença. DISCUSSÃO: O tratamento da dor ocular é feito, inicialmente, através do uso de colírios lubrificantes, anti-inflamatórios não esteroidais tópicos e orais, anti-inflamatórios esteroidais tópicos, antibióticos, lágrimas autólogas 20%, antidepressivos tricíclicos, gabapentina, pregabalina, carbamazepina, tramadol e bloqueios retrobulbar com clorpromazina, tramadol, álcool, fenol, ropivacaína ou clonidina. Além desses tratamentos, pode-se realizar o bloqueio dos ramos do nervo oftálmico: nervo supratroclear, infratroclear e supraorbital e do ramo do nervo maxilar: nervo infraorbital. Um estudo retrospectivo realizado em 2019 demonstrou melhora de 80% em pacientes submetidos ao bloqueio dos ramos perioculares. O relato da paciente demonstrou bloqueio diagnóstico positivo com melhora de 100% do quadro. Após alguns dias, houve um retorno da dor com menos intensidade sendo indicado o tratamento definitivo da doença de base já que a paciente estava grávida e algumas terapias eram contraindicadas. Portanto, pode-se inferir que o bloqueio dos nervos perioculares pode ser uma alternativa para tratamento de dor aguda ocular

Referência 1

Moshirfar M, Benstead EE, Sorrentino PM Tripathy K. Ocular Neuropathic Pain. StatPearls - NCBI Bookshelf 2019 may: 1-7.

Referência 2

Andersen HH, Yosipovitch G, Galor A. Neuropathic symptoms of the ocular surface: dryness, pain, and itch. Curr Opin Allergy Clin Immunol 2017; 17(0): 1-9.

Palavras Chave

Dor ocular; Periocular; Acanthamoeba

Área

Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Ceará - Brasil

Autores

LIA ALVES MARTINS MOTA LUSTOSA, DIEGO AMORIM SERAFIM MENEZES, FRANCISCO DIEGO SILVA PAIVA, LARA GUERRA LUCENAS MATIAS ALENCAR, SARA LUCIA FERREIRA CAVALCANTE, NELY MARJOLLIE GUANABARA TEIXEIRA REIS