Dados do Trabalho
Título
Monitorização do nível de consciência utilizando o índice biespectral e espectrograma em uma paciente portadora da Síndrome do Encarceramento sob anestesia geral: um relato de caso..
Descrição
Introdução: A síndrome do encarceramento (SE) é uma condição neurológica em que o paciente desenvolve tetraplegia e anartria, tornando-se incapaz de se movimentar e falar, embora mantenham-se preservados a propriocepção, a consciência e o movimento vertical dos olhos, sendo este o modo de comunicação do paciente. Geralmente ocorre por uma lesão pontina, como no acidente vascular encefálico (AVE) do tronco cerebral. Dentre os vários tipos de monitorizações intraoperatórias, o índice biespectral (BIS) e o espectrograma nos fornecem a análise do nível de consciência do paciente, permitindo a manutenção de um plano anestésico adequado, reduzindo o risco de despertar intraoperatório e as complicações de um plano anestésico muito profundo. Relato de caso: Paciente de 50 anos, sexo feminino, admitida em serviço de urgência por rebaixamento de nível de consciência após episódio de cefaleia intensa e síncope, sendo intubada e transferida para nosso serviço por suspeita de AVE. Realizada angiotomografia de crânio, que evidenciou falha de enchimento em segmento distal de artéria basilar. Mantida sedada em UTI. No 7º dia, após desmame da sedação, passou a realizar movimentos oculares verticais, demonstrando compreensão de comandos (olhar para cima equivalendo ao “sim” e olhar para baixo, ao “não”). Por confirmar dor, foi mantida com fentanil a 0,5mcg/kg/h. No 9º dia, foi submetida à traqueostomia sob anestesia geral venosa total, com nível de consciência monitorizado com BIS e espectograma: inicialmente, apresentou BIS 75; após suspensão de analgesia da UTI, BIS passou a 86, mantendo-se vigil e contactuante; iniciado indução com Propofol TCI alvo de 2,5 mcg.ml e remifentanil a 0,1mcg/kg/min, com redução gradual do BIS até 34 e perda de resposta ocular ao estímulo. Procedimento durou 40 minutos, mantendo BIS na faixa alvo 40-60. Após suspensão de infusões contínuas, houve retorno gradual ao valor basal (BIS 82), com paciente apresentando interação ocular novamente. Discussão: Apesar do aparente estado de coma, o paciente portador da SE preserva funções cognitivas e apresenta dados de função cortical normal. Nesta paciente, a monitorização de profundidade anestésica com BIS e espectograma apresentou comportamento semelhante ao que conhecemos: inicialmente, obteve BIS compatível com sedação leve, alterando-se de acordo com o plano anestésico alcançado; após bolus inicial de propofol, apresentou ondas slow-delta e curto período de surto-supressão (demonstrando comprometimento leve de consciência); manteve-se com razão de supressão zero; apresentou tempo de recuperação após término da infusão semelhante ao de pacientes normais, retornando ao seu valor basal ao fim. Assim, levando em consideração a patologia, que dificulta a percepção de superficialização do plano anestésico pelo profissional, o uso de monitores do nível de consciência nesse grupo pode ser ainda mais útil na prevenção de desfechos negativos, como a temida consciência intraoperatória.
Referência 1
ANGELIN, Anaisa Carolina et al. Abordagem interdisciplinar na síndrome do encarceramento: relato de caso. Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria, v.24, n. 1, 2020.
Referência 2
NUNES, Rogean et al. Consenso brasileiro sobre monitoração da profundidade anestésica. Revista Brasileira de Anestesiologia, [s. l.], p. 427-436, 2015.
Palavras Chave
Síndrome do Encarceramento; profundidade anestésica; índice biespectral
Área
Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica
Fonte de financiamento
Privado
Instituições
CET H.DE BASE DISTRITO FEDERAL - Distrito Federal - Brasil
Autores
ANA KAROLINA DOS REIS DA SILVA, GUSTAVO HENRIQUE DOS SANTOS DIAS, KAROLYNNE MYRELLY OLIVEIRA BEZERRA DE F. SABOIA, MANUELA FREIRE CAETANO DE ALMEIDA, LUIS CEZAR LORO MOREJON, NÁDIA MARISA SOTÉRIO