Dados do Trabalho


Título

ANALGESIA REGIONAL PROLONGADA EM PACIENTE PORTADOR DE ISQUEMIA CRÍTICA DE MEMBRO INFERIOR: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução
O controle da dor é um dos objetivos primários da prática médica. Dentre as diversas estratégias para controle da dor, o uso de anestesia regional consiste em um método consolidado para suporte em pós-operatório, embora tenha ganhado espaço para controle de síndromes dolorosas diversas, com baixa repercussão sistêmica. O uso de cateteres de nervos periféricos possibilitou a extensão do tempo de analgesia, com manutenção do bem-estar e do conforto do paciente por tempo indeterminado.
Relato de caso
Paciente masculino, 70 anos, história de HAS, DM insulinodependente, neuropatia diabética, DAC com 2 stents e revascularização do miocárdio há 7 anos e uso de marcapasso definitivo. Refere baixa adesão ao tratamento farmacológico e amputação prévia de hálux direito em virtude de DAOP. Foi admitido com quadro de dor intensa em membro inferior esquerdo associada a frialdade e cianose em hálux, evoluindo com necrose e ausência de pulsos periféricos. Foi assistido pela cirurgia vascular, a qual lhe prescrevera anticoagulação plena e indicara amputação de hálux e angioplastia de membro após evidência de oclusão de artérias tibiais. O paciente persistiu com piora da dor durante internação, refratária à analgesia com anti-inflamatórios, corticosteroides e morfina. Avaliado pela equipe de dor, associou-se à terapêutica a metadona e a gabapentina, com melhora parcial. O paciente apresentou melhora completa da dor em pós-operatório imediato, no qual fora submetido a bloqueio ciático via poplítea, com piora da dor após 48h. Após nova abordagem pela equipe de dor, foi programada a tunelização de cateter de nervo periférico (ciático via poplítea) para analgesia contínua. Em virtude de boa resposta analgésica com a administração diária de ropivacaína, clonidina e dexametasona, optou-se pela manutenção deste até resolução do quadro. Ademais, a despeito de anticoagulação plena e da abordagem cirúrgica anterior, o paciente apresentou dificuldade de cicatrização e extensão da necrose, após 21º dia pós-operatório, com proposta de amputação de antepé esquerdo, no entanto sem queixas álgicas associadas.
Discussão
O bloqueio ciático poplíteo é capaz de conferir maior analgesia em pós-operatório de cirurgias do pé quando comparado ao uso de opioides. Também apresenta superioridade em relação à técnica peridural em virtude de falhas comuns no bloqueio do segmento L5-S1. É um bloqueio superficial, seguro em vigência de anticoagulação, como no caso deste paciente. A tunelização do cateter permite a extensão da analgesia e possibilita a mobilização precoce do membro, essencial para o tratamento de isquemias. Outrossim, a baixa incidência de efeitos colaterais está diretamente relacionada à satisfação do paciente quando comparada com o uso de opioides. A segurança do método e sua facilidade de execução favorecem a estratégia de bloqueio ciático poplíteo, e a eficiência analgésica, não obstante houvesse persistência de isquemia, foi observada com o conforto do paciente.

Referência 1

BERTINI, L. et al. Continuous peripheral block in foot surgery. Minerva Anestesiologica, v. 67, n. 9 Suppl 1, p. 103-108, 2001.

Referência 2

SINGELYN, Francois J.; AYE, F.; GOUVERNEUR, Jean-Marie. Continuous popliteal sciatic nerve block: an original technique to provide postoperative analgesia after foot surgery. Anesthesia & Analgesia, v. 84, n. 2, p. 383-386, 1997.

Palavras Chave

Bloqueio ciático poplíteo; isquemia crítica

Área

Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO ANESTLIFE - HOSPITAL SÃO DOMINGOS - Maranhão - Brasil

Autores

DENER ALVES CORDEIRO, GILSON MARIANO BORGES FILHO, PLINIO DA CUNHA LEAL, CAIO MARCIO BARROS DE OLIVEIRA, REINALDO MOREIRA LEITE DA SILVA FILHO, AMANDA LAINA SANTOS PORTO