Dados do Trabalho


Título

Manejo de Via Aérea Difícil em paciente com Escoliose Torácica Grave: um relato de caso

Descrição

INTRODUÇÃO: A escoliose é definida como um desvio lateral da coluna maior que 10 °. A intervenção cirúrgica acontece quando a magnitude da curvatura estimada pelo método de Cobb é maior que 40 °. A via área difícil é uma das dificuldades presentes, principalmente quando associado a uma doença neuromuscular, o que limita a mobilidade cervical. Faz-se necessário uma busca ativa pré-operatória para riscos de VAD e um planejamento para a realização da IOT com o uso de dispositivos avançados.

RELATO DE CASO: Paciente, sexo feminino, 77 anos, 1,58m, IMC: 22kg/m ² . Diagnóstico de HAS, Dislipidemia e tabagismo ativo (2 cigarros por dia). À avaliação pré-anestésica classificada como Mallampati IV, previsão de via área difícil. Ao Ecocardiograma Transtorácico: Fração de ejeção: 61%. Insuficiência Tricúspide e mitral grau leve. À Espirometria foi decretado distúrbio restritivo e obstrutivo, misto, com diminuição de todos os parâmetros espirométricos. Com proposta cirúrgica de Artrodese de Coluna Lombar (11 níveis). Realizou-se mensuração do ângulo de Cobb em radiografia, uma escoliose grave, de 56 °, côncava à esquerda. Em sala operatória: monitorização de consciência, cardioscopia, temperatura e variáveis hemodinâmicas. Optada por realização de intubação orotraqueal, acordada, por meio de Broncofibroscópio. Para isso, foi iniciada sedação com infusão de Remifentanil contínuo, com dose de 0,07 mcg/kg/min, bem como anestesia tópica com spray de Lidocaína, seguindo técnica “spray as you go”. Intubação realizada com sucesso em paciente colaborativa, com manutenção da ventilação espontânea, por meio de sonda simples número 7, associada a guia metálico, classificação de Cormack-Lehane por broncofibroscopia classe IV. A anestesia foi mantida com Propofol em bomba de infusão alvo controlada TCI (2,0- 2,6), Remifentanil em dose de 0,1-0,3 mcg/kg/min e rocurônio como opção de relaxante muscular. Paciente posicionada em decúbito ventral, com proteção ergonômica em pontos de pressão. Curso intraoperatório ocorreu sem intercorrências. Paciente foi extubada em posição supina após reversão de bloqueio neuromuscular.

DISCUSSÃO: Em pacientes de valor angular de Cobb >60 ° é esperado que haja restrição pulmonar, com redução das capacidades pulmonares e alteração da relação V/Q. A espirometria e Ecocardiografia são essências no pré- operatório. Destaca-se ainda no período pré-operatório uma adequada avaliação da via aérea, para a antecipação de possíveis dificuldades. A intubação por meio de fibra óptica com paciente acordado é considerada padrão ouro em casos de via aérea difícil. É uma técnica eficiente e pouco traumática, no entanto exige aparelhagem específica e treinamento do operador.

CONCLUSÃO: Destaca-se a importância do planejamento para a abordagem de uma via aérea difícil, através do uso de dispositivos avançados. A eficácia dos dispositivos e algoritmos de controle de via área são cruciais para garantir a segurança e o sucesso do procedimento anestésico.

Referência 1

Badaro AF, Ribdiro EC, Trevisan ME, Magalhães DSG, Arend C. Efeitos da escoliose sobre a função pulmonar. Rev Fisioter Mov. Abr/set 1995; 7(1).

Referência 2

Kovacs G, Law AJ, Petrie D - Awake fiberoptic intubation using an optical stylet in an anticipated difficult airway. Ann Emerg Med. 2007;49(1):81-3.

Palavras Chave

Manuseio das Vias Aéreas: fibroscópio; Escoliose

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.SERVID.PUBL.DE SP - São Paulo - Brasil

Autores

VICTOR RIBEIRO DA PAIXAO, FILIPE DE MIRANDA SOUZA RAMOS, TALISON SILAS PEREIRA, JOAO GUILHERME MEINEM GARBIN, GABRIELA DIAS CAVALCANTI, LILIANE VIEIRA DE ABREU