Dados do Trabalho
Título
RAQUIANESTESIA CONTÍNUA EM PACIENTE SUBMETIDO A RESSECÇÃO ABERTA DE LESÃO VESICAL – RELATO DE CASO
Descrição
A raquianestesia contínua é uma técnica que apresenta vantagens sobre a raquianestesia com dose única ao possibilitar a titulação do nível da anestesia, o controle da analgesia e a extensão da sua duração de acordo com a necessidade cirúrgica ou analgésica no transoperatório. Permite ótimas condições operatórias e estabilidade cardiorrespiratória com pequenas doses de anestésicos locais. Paciente R.P., 79 anos, 85kg, 1,75m, com neoplasia vesical avançada, doença pulmonar obstrutiva crônica, hipertensão arterial, fibrilação atrial de baixa resposta ventricular (FABRV), acidente vascular cerebral há 1 ano com sequela motora em perna esquerda. Em uso de losartana 100mg/dia, salbutamol nas crises, rosuvastatina 20mg, rivaroxabana 20 mg dia, esse suspenso na admissão hospitalar. Negou alergias, tabagista de longa data 60 maços/ano. Admitido pela emergência com sangramento persistente em sonda vesical de demora sob irrigação, hemodinamicamente estável. Portador de anemia de doença crônica com laboratório dentro da normalidade exceto hemoglobina de 7,4g/dL e hematócrito de 24,3%, ECG com FABRV e radiografia de tórax com retificação das cúpulas diafragmáticas. Parâmetros clínicos normais, venóclise membro superior direito jelco 18, oxigenação sob máscara de Hudson, midazolam 2 mg EV e fentanil 60 mcg EV. Em virtude da ausência de vaga de CTI na instituição, do risco de instabilidade cardiopulmonar na anestesia geral, e por tratar-se de um procedimento paliativo, elencou-se a técnica da raquianestesia contínua para o manejo do caso. Paciente posicionado em decúbito lateral direito, técnica asséptica e antisséptica, punção do espaço peridural L3-L4 via paramediana com agulha de Tuohy 18G, dogliotti positivo, progressão da agulha até punção do espaço subaracnoide, saída de LCR claro, inserção e fixação do cateter sem intercorrências. Paciente posicionado em decúbito dorsal. Injeção de 9mg de bupivacaína pesada 0,5% via cateter, bloqueio motor presente e sensitivo a nível de T6. Incisão Pfannenstiel, duração do procedimento de 1 hora e meia sem intercorrências clínicas. Tromboelastometria e gasometria arterial dentro da normalidade. Ao final do procedimento realizado 60 mcg de morfina e 1 mg bupivacaina via cateter e dipirona 2g e ondansetrona 8 mg EV. Retirada do cateter sem intercorrências. O caso relatado mostrou-se uma boa indicação para a técnica da raquianestesia contínua, pois atenua a resposta endócrino-metabólica ao trauma, reduz o trabalho cardíaco, diminui a incidência de trombose venosa profunda e complicações pulmonares em pacientes com vasculopatias e pneumopatias. Além disso, possibilita o bloqueio preferencial das raízes posteriores (sensitivas), visto que a administração do anestésico em baixa dose foi feita após o posicionamento em decúbito dorsal. Dessa forma o manejo conservador da raquianestesia contínua evitou a anestesia geral, diminuiu o tempo de recuperação e proporcionou alta hospitalar mais precoce.
Referência 1
Pitombo P.F et al. Continuous Spinal Block in a Patient Undergoing Partial Gastrectomy. Case Report. Rev Bras Anestesiol 2009; 59: 4: 481-486.
Palavras Chave
raquianestesia; CIRURGIA ONCOLÓGICA
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET S.A.HOSP.FEDERAL DE BONSUCESSO - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
GUSTAVO SANTOS DE ARAÚJO, ANGELO JORGE QUEIROZ RANGEL MICUCI , AMÉRICO SALGUEIRO AUTRAN NETO, HELENA DE MATTOS SABOIA, LUCA SILVEIRA PELLITTERI, FERNANDA CONDE PATRICIO