Dados do Trabalho
Título
MANEJO ANESTÉSICO EM EDEMA AGUDO DE PULMÃO POR PRESSÃO NEGATIVA APÓS EXTUBAÇÃO
Descrição
Introdução: O Edema Agudo de Pulmão por Pressão negativa (EAPPN) é uma rara complicação pós anestésica em pacientes submetidos a anestesia geral, com incidência de 0,05% a 1%. A intercorrência pode ocorrer durante uma inspiração forçada contra uma via aérea superior obstruída, o que promove a instalação de uma pressão negativa intratorácica e determina, por conseguinte, a transudação de líquidos para o interstício pulmonar.
Relato de caso: Sexo feminino, 39 anos, ASA II, 80kg. Admitida para realização de histerectomia por videolaparoscopia. Venóclise cateter 20G, monitorização: ECG, SpO2, termômetro, PANI, capnografia e analisador de gases. Anestesia geral balanceada, indução com remifentanil 0,2mcg/kg/min, lidocaína 1mg/kg, propofol 2mg/kg e cisatracúrio 0,15mg/kg. Intubação orotraqueal (tubo 7.5mm com balonete). Manutenção da anestesia: sevoflurano 2%, infusão contínua de remifentanil até 0,3mcg/kg/min. Duração do procedimento: 90 minutos, sem intercorrências. Ao término, descurarização com 1mg de atropina e 2mg de neostigmina, realizada extubação após a paciente iniciar ventilação espontânea. Após a extubação, a paciente apresentou dificuldade respiratória com esforço inspiratório importante, dessaturação de O2 e cianose, sendo ventilada com pressão positiva e realizada nova intubação orotraqueal, sem intercorrências. Nesse momento apresentou PA 200×134 mmHg, FC 54 bpm, ausculta pulmonar com estertores difusos e secreção sero-sanguinolenta pelo tubo orotraqueal. Iniciada conduta para manejo de edema agudo de pulmão, coleta de exames, punção de acesso venoso central e PIA, e encaminhada ao CTI. ECG e ecocardiografia normais, troponina e demais enzimas normais. Apresentou boa evolução, alta do CTI após em 3 dias e alta hospitalar no 5 DPO, clinicamente bem e assintomática.
Discussão: O EAPPN é uma das formas clínicas de edema pulmonar não cardiogênico, cuja incidência é maior em homens (80%) e nos estados físicos ASA I e II (73%). Isso pode ser atribuído ao fato de que indivíduos mais hígidos são capazes de gerar pressões intratorácicas mais negativas, quando realizam inspiração contra a glote fechada. A base do tratamento é a desobstrução da VAS e oxigenioterapia suplementar. Em alguns casos é necessário o uso de dispositivos auxiliares (cânulas oro ou nasofaríngeas) e associação com ventilação não invasiva com pressão positiva. A gravidade do quadro, a falta de condutas padronizadas para a sua condução e a relativa escassez de casos na literatura justificam os relatos de episódios dessa natureza, uma vez que eles contribuem para o reconhecimento do quadro clinico e das medidas terapêuticas empregadas para sua resolução, bem como a eficácia e limitações dessas medidas.
Referências: 1. Bhattacharya M, Kallet RH, Ware LB, et al. Negative-Pressure Pulmonary Edema. Chest. 2016;150:927-33. 2. Bisinotto FM, Cardoso RdeP, Abud TM. Acute pulmonary edema associated with obstruction of the airways. Case report. Rev Bras Anestesiol. 2008;58:165-71.
Referência 1
1. Bhattacharya M, Kallet RH, Ware LB, et al. Negative-Pressure Pulmonary Edema. Chest. 2016;150:927-33.
Referência 2
2. Bisinotto FM, Cardoso RdeP, Abud TM. Acute pulmonary edema associated with obstruction of the airways. Case report. Rev Bras Anestesiol. 2008;58:165-71.
Palavras Chave
edema pulmonar
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET STA.CASA MISER.B.HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil
Autores
NATHALIA RODRIGUES GONTIJO DE ANDRADE, MATHEUS IGNACIO LOPES DA COSTA, CRISTINA AMARAL CALIXTO, MARDEN FERNANDO MIRANDA RAMOS, RENATO HEBERT GUIMARAES SILVA, MAGDA LOURENÇO FERNANDES