Dados do Trabalho


Título

Analgesia por Cateter Peridural para Paciente com Múltiplas Fraturas de Arcos Costais e Esterno

Descrição

Introdução: Múltiplas fraturas de arcos costais representam um desafio tanto por refletirem difícil manejo da dor quanto por estarem associadas a significativa morbimortalidade. Não há consenso na literatura sobre o benefício do cateter de peridural como ferramenta para reduzir a incidência de complicações intra-hospitalares neste contexto[1]. Este trabalho relata o caso de paciente politraumatizado com dor refratária à analgesia multimodal endovenosa em ambiente de terapia intensiva que obteve melhora da dor e aceleração do processo de desmame ventilatório após analgesia peridural. Relato de Caso: Paciente com 50 anos, vítima de colisão de alta energia auto x caminhão, com fratura de esterno, clavícula e do 1° ao 12° arco costal à esquerda, hemotórax à esquerda e pneumotórax à direita. Após estabilização hemodinâmica, paciente permaneceu em leito de UTI dependendo de ventilação mecânica e com dor refratária à analgesia endovenosa com paracetamol, gabapentina e morfina. Paciente levado ao centro cirúrgico de modo eletivo sob intubação orotraqueal e ventilação mecânica em modo de suporte, sem sedação, erealizada passagem de cateter peridural em decúbito lateral direito, com punção ao nível das vértebras torácicas T9-T10, tunelizado cateter à direita, realizando-se no primeiro dia aplicação de 10mL de ropivacaína 0,3% (30mg) e morfina 1mg. Paciente permaneceu sem queixas de dor pelo intervalo de 24 horas, sendo repetida dose descrita diariamente até o dia da cirurgia, 6 dias após a inserção do cateter, para fixação de arcos costais. No intervalo até a cirurgia, obteve-se sucesso gradual em desmame da ventilação mecânica, de forma que após quatro dias de analgesia peridural paciente já se encontrava confortável e sem dor ventilando espontaneamente em névoa por traqueostomia. Para o procedimento cirúrgico de correção das fraturas de arcos costais, realizou-se aplicação de ropivacaína 0,5%, 1mg de morfina, 100mcg de fentanil, 4mg de dexametasona e 150mcg de clonidina através do cateter de peridural antes da indução anestésica. No pós-operatório, foram realizadas aplicações diárias de ropivacaína 0,2% nos três primeiros dias após a cirurgia, e o paciente permaneceu sem queixas álgicas. Optado pela retirada do cateter no terceiro pós-operatório, permanecendo o paciente assintomático e com bom controle apenas com medicação endovenosa. Discussão: Não há evidência de aumento ou redução de complicações, como aumento do tempo de ventilação mecânica, pela analgesia peridural em pacientes com múltiplas fraturas de arcos costais em comparação com outras intervenções analgésicas [1]. Não obstante, esta opção mostra benefício como melhor ferramenta para manejo da dor nestes pacientes [2]. O presente trabalho mostrou o caso de sucesso do cateter de peridural em controlar a dor de paciente com múltiplas fraturas de arcos costais, tanto no pré-operatório, contribuindo decisivamente para desmame de ventilação mecânica, quanto no pós-operatório.

Referência 1

Duch P, Møller MH. Epidural analgesia in patients with traumatic rib fractures: a systematic review of randomised controlled trials. Acta Anaesthesiol Scand. 2015;59:698–709.

Referência 2

Peek J, Smeeing DPJ, Hietbrink F, et al. Comparison of analgesic interventions for traumatic rib fractures: a systematic review and meta-analysis. Eur J Trauma Emerg Surg. 2019;45:597–622.

Palavras Chave

Cateter epidural; analgesia peridural; Dor

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CAJURU - Paraná - Brasil

Autores

MAURICIO CHRISTMANN SANTOS, JOAO VICTOR BRINCAS RAMOS, KARINE CRISTINA GHIGGI, BEATRIZ CESAR SANTANNA, LETICIA PEON TRAIN NICOLUZZI, VANESSA CAROLINA BOTTA