Dados do Trabalho
Título
Via Aérea Difícil Não Prevista em Paciente Portador de Tumor Hipofisário - Relato de Caso
Descrição
Introdução: Conceitua-se via aérea difícil (VAD) a situação na qual um anestesiologista capacitado e experiente possui dificuldade para a ventilação das vias aéreas, dificuldade com a intubação traqueal, ou com ambas. Podemos avaliar a via aérea do paciente, antes da anestesia, para identificar o grau de dificuldade e realizar a preparação necessária conforme os algoritmos que facilitam esse processo. Porém, algumas vezes o paciente não possui os critérios que caracterizam uma via aérea como difícil, e o anestesiologista tem dificuldade para ventilar ou entubar, caracterizando como via aérea difícil não prevista. Relatamos um caso de um paciente submetido à anestesia para ressecção transesfenoidal de tumor de hipófise com via aérea e ventilação difíceis não antecipadas.
Relato: Paciente masculino, 48 anos, IMC 27,6 kg/m², ASA II, com adenoma hipofisário medindo 3,5 por 3,5 cm, descrito como não secretor, sem outras comorbidades ou alergias. Paciente negou VAD prévia. Vias aéreas: Mallampati 2, boa mobilidade cervical, abertura bucal adequada, distância tireomentoniana maior 6cm, macroglossia leve; com proposta de cirurgia para ressecção da massa tumoral. Em sala de cirurgia, monitorizado com cardioscopia, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Realizada pré-oxigenação a 100%, indução endovenosa com 100mg de lidocaína, 200mcg de fentanil, 200mg de proporfol e 60mg de rocurônio, seguido dificuldade para a ventilação bolsa-máscara mesmo com uso de cânula orofaríngea. Foi optado por ventilar a quatro mãos, com melhora significativa. Após laringoscopia direta sem sucesso, solicitou-se ajuda e videolaringoscópio. Uma nova tentativa com videolaringoscópio falhou devido à obstrução pela epiglote. Após troca de operador, realizou-se nova tentativa de laringoscopia indireta com videolaringoscópio e auxílio do bougie, com sucesso. Ao fim do procedimento cirúrgico, o paciente foi extubado em sala com êxito e encaminhado à UTI. Posteriormente, confirmou-se que o tumor era secretor de hormônio do crescimento (GH).
Discussão: A VAD apresenta incidência de 5-15% nos centros cirúrgicos. Uma revisão de 746 casos de tumores hipofisários demonstrou que estes pacientes apresentam VAD em apenas 3,8%, sem que haja relação com o tamanho do tumor (1). Contudo, portadores de tumores secretores apresentaram maior proporção de VAD não antecipada. Em nosso relato foi observada macroglossia e epiglote aumentada, causando desafio na ventilação bolsa-máscara e laringoscopia direta difícil. Em cenários de VAD é importante a consciência situacional para reduzir tentativas e erros de fixação que levam a queda de saturação, o que é deletério ao paciente. No caso apresentado, foi importante minimizar as laringoscopias diretas, solicitando outros dispositivos (videolaringoscópio e bougie) e realizando troca de operador para o sucesso na intubação na VAD.
Referência 1
1. Nemergut, E., & Zuo, Z. (2006). Airway Management in Patients With Pituitary Disease: A Review of 746 Patients. Journal of Neurosurgical Anesthesiology, 18, 73-77.
Palavras Chave
Via aérea difícil; Intubação; Videolaringoscopia
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Público
Instituições
CET INTEGRADO DA FAC.DE MEDICINA DO ABC - São Paulo - Brasil
Autores
PEDRO MONTEIRO CABRAL DE MELO , RENATO MEIRELLES MARINO DA COSTA , MAYARA CRISTINA SANCHES , FELIPE SILVA FARIAS , CAROLINA BRUNO VALENTE , THAIENY EMANUELLE OLIVEIRA LEMES