Dados do Trabalho


Título

Primeiro tratamento cirúrgico da síndrome do desfiladeiro torácico de origem vascular por via robótica na Bahia: Um relato de caso

Descrição

Introdução: A Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT) se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas ocasionados pela compressão do feixe vasculo-nervoso por estruturas anatômicas localizadas entre a clavícula e a 1ª costela. A síndrome pode derivar da compressão de estruturas nervosas (95-97%), da veia (3%) e da artéria subclávias (1%), dando origem a sintomas que se correlacionam com a estrutura acometida. A síndrome de Ehlers-Danlos (SED), especialmente o tipo hipermobilidade, é conhecida por predispor a várias condições de compressão neuromuscular devido à frouxidão ligamentar e instabilidade articular que caracteriza a síndrome. Nesse contexto, apresentamos o caso de uma paciente com diagnóstico prévio da SED e diagnosticada com SDT bilateralmente, apresentando, à direita, sintomas neurológicos e evidência de compressão vascular com componente arterial e venoso. Trata-se da primeira cirurgia robótica de ressecção de primeira costela na SDT realizada no estado da Bahia.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 36 anos, branca, 65kg, 1,60m, ASA II por SDT, SED, com histórico de sintomas disautonômicos incluindo síncope, com Tilt teste positivo, dor crônica e limitações funcionais secundárias à síndrome. Foi submetida a ressecção de primeira costela e de musculo escaleno anterior à direita por toracoscopia assistida por robô. A anestesia foi geral venosa total, induzida com fentanil, lidocaína, propofol e rocurônio, e mantida com infusão de propofol em TCI plasma, de remifentanil TCI efeito e de rocurônio em BIC. Optado por monitorização invasiva da pressão arterial pela a. radial e da profundidade anestésica pelo PSi. A intubação foi seletiva com cânula endobronquial duplo lúmen tipo Robert-Shaw 35F. Também foi realizado bloqueio intercostal amplo por equipe cirúrgica sob visualização direta com solução contendo ropivacaína a 0,45%; sulfato de magnésio a 4,5%; dexametasona, clonidina e adrenalina. A cirurgia transcorreu sem intercorrências e, ao final do procedimento, optou-se por bloqueio do plano eretor da espinha com 20ml de solução de ropivacaína a 0,375%. Ao despertar, a paciente foi transferida para UTI lúcida e orientada, sem queixas, em ventilação espontânea, eupneica, hemodinamicamente estável sem uso de drogas vasoativas.
Discussão e conclusões: A SDT é uma condição que provoca sintomas como paresia, parestesias, dor e edema limitantes a depender do grau de acometimento. A paciente apresentava o subtipo mais raro da síndrome, com componente vascular misto e sintomas neurogênicos que geravam sofrimento e prejuízo funcional significativos. Os sintomas compressivos eram amplamente agravados pela concomitância de quadros inflamatórios intrínsecos à SED e à síndrome dolorosa miofascial a despeito de anos de terapia conservadora multidisciplinar. Nesse aspecto, a cirurgia robótica minimamente invasiva para SDT é uma abordagem relativamente nova que agrega eficácia e segurança ao tratamento de casos refratários da doença.

Referência 1

MALFAIT, F. et al. The 2017 international classification of the Ehlers-Danlos syndromes. American Journal of Medical Genetics. Part C, Seminars in Medical Genetics, v. 175, n. 1, p. 8–26, mar. 2017.

Referência 2

REYES, M. et al. Robotic First Rib Resection in Thoracic Outlet Syndrome: A Systematic Review of Current Literature. Journal of Clinical Medicine, v. 12, n. 20, p. 6689, 23 out. 2023.

Link para o registro de estudo

robotic; ressection thoracic

Palavras Chave

ROBOTICA; thoracic

Área

Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA BAHIA - Bahia - Brasil

Autores

JEDSON DOS SANTOS NASCIMENTO, DANIEL BARBA CAVALCANTI , MURILO PEREIRA FLORES, PRISCILA PINTO JUCHEM, PABLO DETONI BRITTO