Dados do Trabalho
Título
Bloqueio percutâneo suprazigomático do gânglio esfenopalatino e do nervo occipital maior bilaterais guiados por ultrassom na cefaleia pós punção dural.
Descrição
Introdução:Cefaleia pós punção dural(CPPD) é complicação da anestesia do neuroeixo, com incidência variável de 2-40% devido fatores do paciente e do procedimento. Usualmente postural, se manifesta em 5-7 dias da punção/suspeita de punção acidental, impactando na execução das atividades diárias dos pacientes. Bloqueio do gânglio esfenopalatino(BGEP) transnasal com swab é técnica analgésica clássica e simples, mas com duração de efeito e eficácia variáveis em quadros de CPPD moderada/intensa pois depende da absorção mucosa do anestésico. Abordagens infrazigomática e transoral do BGEP têm maior risco de complicações graves, sendo a suprazigomática por ultrassonografia técnica segura e eficaz. Relato:Paciente ASA I, 39 anos, no 2º dia pós operatório de histerectomia total abdominal (sob anestesia geral e peridural T9-T10, sem intercorrências) apresentou cefaleia holocraniana e cervical, associada à hipoacusia e zumbido à esquerda, refratária a analgésicos simples, com melhora ao decúbito horizontal. Ausência de sinais de alarme ou meníngeos e excluídas outras causas. Internada por provável CPPD, prescritos dipirona 2g de 6/6 horas e tramadol 50mg de 8/8h venosos, paracetamol 500mg oral de 8/8h, cafeína oral 200mg às 7h e 14h e hidratação oral. Paciente nega BGEP transnasal, mesmo sob sedação, por sofrimento psicológico prévio com swabs nasais recorrentes na pandemia(COVID). Indicados BGEP suprazigomático e do nervo occipital maior(BNOM) bilaterais, guiados por ultrassom. Paciente monitorizada, sedada com midazolam 1mg, posicionada em decúbito ventral. BNOM bilateral e proloterapia, com agulha quincke 22G, após botão anestésico; infundido 4ml da solução(ropivacaína 0,2% e glicose 5%) em cada lado. Decúbito dorsal; marcação bilateral de borda superior e inferior do arco zigomático e ponto 1cm lateral à rima orbital inferior e 1cm superior à borda superior do arco zigomático. Probe linear abaixo do arco zigomático; visualizada fossa pterigopalatina(FPP) entre maxilar e processos coronoide e pterigoide da mandíbula. Punção fora de plano (quincke 25G) na FPP; feito 5ml da solução (ropivacaína 0,5% e dexametasona 2mg) bilateral, sem complicações. Em 10 minutos, EVN 0/10 com paciente sentada, mantendo escore 1h, 2h e 12h após procedimento. Melhora progressiva da hipoacusia no 2º dia após intervenção. Alta hospitalar em 24h com analgesia oral e reavaliação ambulatorial em 7 dias com remissão total do quadro.Discussão: Desconforto significativo pode ser referido no BGEP transnasal, especialmente após a pandemia, como relatado. Smith descreveu bom perfil de segurança e tolerância dos pacientes na via suprazigomática, apesar de requerer punção. Estudos relatam maior duração da analgesia desta última por deposição direta de anestésico na FPP, destacado no relato. BNOM pode ser associado a depender da irradiação da cefaleia e foi indicado. A abordagem utilizada com o tratamento clínico obteve resultado satisfatório, escore de dor baixo e alta hospitalar precoce.
Referência 1
Uppal V, Russell R, Sondekoppam R V, et al. Evidence-based clinical practice guidelines on postdural puncture headache: a consensus report from a multisociety international working group. Regional Anesthesia Pain Medicine. 2024;49:471–501.
Referência 2
Smith C R, Dickinson K J,Carrazana G, et al. Ultrasound-Guedes suprazygomatic nerve blocks to the pterygopalatine fossa: a safe procedure. Pain Medicine. 2022;23(8):1366-1374.
Palavras Chave
Cefaleia Pós-Punção Dural; Bloqueio esfenopalatino
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Universidade de Santo Amaro - São Paulo - Brasil
Autores
ALESSANDRA MEDEIROS BRANDÃO ALBERTO DE MELLO, VINÍCIUS CARVALHO RODRIGUES SILVA, THALITA GOMES SAMPAIO QUEIROGA, DIOGO BARROS FLORENZANO DE SOUSA, VITOR ZEPONI DAL'ACQUA