Dados do Trabalho


Título

Manejo anestésico de taquiarritmia supraventricular perioperatória em paciente com hipertireoidismo: relato de caso.

Descrição

Taquiarritmia é definida como um ritmo cardíaco anormal com frequência acima de 100 batimentos por minuto (bpm), sendo causa de morbimortalidade no perioperatório,. As mais comuns são a fibrilação atrial (FA) e o flutter atrial, apresentando como causas o DPOC, doença cardiovascular, hipertireoidismo e distúrbio eletrolítico. A doença de Graves (DG) causa disfunções orgânicas, a cardiovascular uma das mais graves, incluindo: hipertensão, taquicardia e taquiarritmias, cardiomiopatia e insuficiência cardíaca.
Caso clínico: Homem, 53 anos, 1,89 m, 109kg, com adenocarcinoma de laringe, traqueostomizado, hipertireoideo (Tapazol 30mg/dia) e hipertenso (losartana 100mg/dia), ex tabagista (120 maços/ano). Ecocardiograma com fração de ejeção 74%. Submetido a Anestesia Geral para laringectomia e tireoidectomia. Indução venosa com 2mg de midazolam, 250mcg de fentanil, 60mg de lidocaína, 120mg de propofol, rocurônio 120mg. Intubação via traqueostoma (nº6,5 aramado), evoluindo para taquicardia de complexo estreito e regular, resultando em taquicardia com ritmo irregular (160 bpm) e instabilidade hemodinâmica. Realizado cardioversão elétrica com 100 joules, bem sucedida. Procedimento suspenso e o paciente encaminhado para unidade de terapia intensiva (UTI). Relatou episódios prévios de palpitação, dispneia e suspensão do tapazol por 1 semana.
Discussão: Na anestesiologia vivenciamos duas situações em relação a FA. A primeira é a manifestação pela primeira vez no intra-operatório, a segunda é a presença da FA na avaliação pré-anestésica, desenvolvendo uma resposta ventricular alta. Sob anestesia geral a clínica é menos exuberante, sendo evidenciados sinais de choque associados ao desenvolvimento do ritmo e/ou aumento da resposta ventricular. O essencial para a conduta é caracterizar os sintomas. Pacientes instáveis podem rapidamente evoluir para ritmo de parada cardiorrespiratória, necessitando de cardioversão imediata. A refratariedade ao choque implica na intensificação da 2ª onda. Pacientes com FA permanente e alta resposta ventricular, se beneficiam do controle da FC por meio do bloqueio do nó átrio-ventricular. Cuidados especiais com estímulos que aumentam a resposta ventricular e predispõem taquiarritmias, como dor, anestesia superficial, hipóxia, hipotensão, hipovolemia, hipotermia e distúrbios hidroelétroliticos. Na visita pré anestésica, não evidenciamos distúrbios cardiovasculares, porém houve falha na identificação da suspensão do Tapazol. A FA em questão pode ser atribuída a estimulação simpática pela exacerbação da DG, seja por ação medicamentosa direta ou possível falha de proteção da laringoscopia. É essencial reestabelecer a estabilidade hemodinâmica de forma rápida, considerando a etiologia e corrigindo os fatores precipitantes. Com a instabilidade hemodinâmica do nosso paciente, a cardioversão elétrica imediata, suspensão cirúrgica e encaminhamento UTI foram decisões essenciais para que a causa pudesse ser investigada e abordada.

Referência 1

Elnahla A, Attia AS, Khadra HS, Munshi R, Shalaby H, Lee GS, Kandil E. Impact of surgery versus medical management on cardiovascular manifestations in Graves disease. Surgery. 2021 Jan;169(1):82-86. doi: 10.1016/j.surg.2020.03.023. Epub 2020 May 10. PMID: 32402541

Referência 2

Lorentz, Michelle Nacur e Vianna, Bruna Silviano Brandão. Disritmias cardíacas e anestesia. Revista Brasileira de Anestesiologia [online]. 2011, v. 61, n. 6 [Acessado 5 Agosto 2024], pp. 805-813. Disponível em: . Epub 10 Nov 2011. ISSN 1806-907X. https://doi.org/10.1590/S0034-70942011000600013.

Palavras Chave

taquiarritmia; Anestesia geral; instabilidade hemodinâmica

Área

Anestesia de cabeça, pescoço, otorrinolaringológica e oftalmológica

Fonte de financiamento

Público

Instituições

CET S.A.HOSP.FEDERAL DE BONSUCESSO - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

CASSIANNA OLIVEIRA FRANGO DA SILVA , Debora de Paula Feder