Dados do Trabalho


Título

Meralgia parestésica após cirurgia de laqueadura tubária: um relato de caso.

Descrição

Introdução
Diagnósticos em dor são de suma importância e são pertinentes ao ato anestésico e ao cuidado perioperatório. Meralgia parestésica é, muitas vezes, subdiagnosticada; sendo uma entidade com alta probabilidade de incapacitar e restringir atividades básicas diárias dos pacientes acometidos. A compressão do nervo cutâneo femoral lateral pode ter diversos fatores causais, muitos deles motivados por determinados fatores perioperatórios, a citar: posicionamento em mesa cirúrgica e dificuldade técnica de cirurgias superficiais e próximas ao ligamento inguinal. A importância do diagnóstico concerne ao anestesiologista, por identificar e intervir precocemente, evitando a cronificação da dor e a morbidade do paciente.

Relato de caso

M.M.L.D, sexo feminino, 37 anos, costureira, internada de forma eletiva para realizar laqueadura tubária; cirurgia esta, motivada por planejamento familiar. Durante avaliação pré-anestésica, classificou-se em ASA 3 pela obesidade grau 3 (peso: 143 quilogramas e altura: 1,62 metros). Não haviam outras comorbidades, assim como alergias ou medicamentos de uso contínuo. Ao exame físico, nota-se circunferência cervical: 40 cm com giba localizada e abdome em avental. Procedeu-se, então, o ato anestésico: realizada raquianestesia com a paciente em posição sentada após antissepsia da região lombossacral. Foram utilizados bupivacaína com glicose na dose de 20 miligramas e morfina na dose de 80 microgramas. Em seguida, a paciente foi posicionada para o ato cirúrgico em decúbito dorsal horizontal e foi realizada tração abdominal para expor região suprapúbica. O intraoperatório foi sem intercorrências e a paciente foi levada a sala de recuperação pós anestésica. Após 12 horas da cirurgia, a paciente evoluiu com parestesia em topografia lateral da coxa à direita, que não impediu sua alta hospitalar. Evoluiu com disestesias na mesma localização e dor em choques paroxísticos, intensa, que a tornou incapacitada de realizar atividades básicas, como tomar banho, vestir-se e até mesmo, deambular. O quadro a motivou buscar atendimento médico, com a dor refratária ao uso da terapia guiada para dor neuropática, motivo pelo qual foi indicado bloqueio com nervo cutâneo femoral lateral guiado por ultrassonografia. Após o bloqueio, a paciente evolui com melhora de 70% da dor com base na escala visual numérica; possibilitando plena recuperação e retorno às atividades laborais.
Discussão
O acometimento do sistema nervoso periférico no intraoperatório é de suma importância da equipe assistente, urgindo checagem frequente do posicionamento do paciente, não só pela possibilidade de contato com estruturas metálicas ou plásticas, mas também pelo tracionamento de estruturas nervosas que podem ocorrer em posição de litotomia, por exemplo. O diagnóstico de meralgia parestésica é essencialmente clínico, devendo-se levar em consideração diagnósticos diferenciais, excluindo inicialmente lesões de acometimento de sistema nervoso central.

Referência 1

Scholz, Christoph et al. “Meralgia Paresthetica: Relevance, Diagnosis, and Treatment.” Deutsches Arzteblatt international vol. 120,39 (2023): 655-661.

Referência 2

Gomez YC, Remotti E, Momah DU, Zhang E, Swanson DD, Kim R, Urits I, Kaye AD, Robinson CL. Meralgia Paresthetica Review: Update on Presentation, Pathophysiology, and Treatment. Health Psychol Res. 2023 Mar 15;11:71454.

Palavras Chave

Meralgia parestésica; Laqueadura Tubária

Área

Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.INST.DR.JOSÉ FROTA - Ceará - Brasil

Autores

JOAO MARTINS RODRIGUES NETO, MATTHEWS CORREIA NASCIMENTO, DANIELLE MAIA HOLANDA DUMARESQ, PAULO MATHEUS ARAUJO SILVA, KIMBERLY VIRGININ CRUZ CORREIA SILVA