Dados do Trabalho
Título
Monitorização de bloqueio neuromuscular em paciente bi amputado de mmss
Descrição
Introdução: O bloqueio neuromuscular residual não é um evento raro em sala de recuperação pós anestésica (SRPA). Sinais clínicos que podem estar presentes em pacientes com bloqueio neuromuscular (BNM) residual incluem incapacidade de abrir os olhos, sorrir, engolir, falar ou levantar os membros por mais de 5 segundos. Estima-se que pacientes com razões de Train-of-four (TOF) inferior a 0,9 estão sob maior risco de eventos hipoxêmicos, deficiência no controle da respiração e obstrução das vias aéreas, sendo o correto manejo do BNM a principal forma de reduzir a incidência de BNM residual na SRPA.
Relato de Caso: Homem, 70 anos, 52kg, com amputação prévia de mãos bilateralmente na altura do punho. Diagnóstico de adenocarcinoma de sigmóide e metástase hepática com proposta cirúrgica de retossigmoidectomia + hepatectomia esquerda. Realizada anestesia geral balanceada e bloqueio epidural, puncionado acesso venoso central em VJID e pressão arterial invasiva em artéria radial esquerda. Monitorização cerebral com BIS®.Instalado monitor TOF, sendo optado pelo estimulo do nervo(n) facial. Eletrodos posicionados na raiz do n. facial e o sensor no músculo corrugador do supercílio. Durante a indução anestésica administrados 30mg de rocurônio IV, e no decorrer da anestesia administrados 40mg de rocurônio IV, mantendo um alvo de contagem de TOF entre 2 e 3. Durante a extubação o paciente estava com a contagem de TOF de 2. Administrado 110mg de sugamadex IV para reverter o BNM , paciente extubado em segurança.
Discussão: A resposta ao BNM é variável, dependendo de concentrações relativas das substâncias químicas e de suas afinidades comparativas com o receptor. Diferentes grupos musculares possuem diferentes sensibilidades aos BNM, sendo o diafragma um dos mais resistentes. É importante realizar a correta monitorização do bloqueio neuromuscular para diminuir a incidência ou eliminar o bloqueio residual, bem como manter o paciente com adequado nível de BNM durante a cirurgia. Uma das formas de monitorização é utilizando o TOF, que consiste classicamente na estimulação do n. ulnar com quatro estímulos a cada 0,5s para testar a fatigabilidade motora comparando o primeiro com o último estímulo, bem como a contagem de estímulos que se transformam em respostas motoras. Existem outras formas descritas para posicionamento do TOF, além do clássico estimulo ao músculo adutor do polegar através no n. ulnar, como a estimulação do n. facial e do n. tibial, ambas validadas na literatura. O estimulo do n. facial, com eletrodos posicionados perto do trágus, separados por uma linha imaginária entre a pupila e o trágus, estimula tanto o músculo orbicular do olho como o músculo corrugador do supercílio, que estão entre os músculos mais sensíveis ao BNM. Os anestesiologistas precisam ter cuidado, pois a monitorização do BNM nesse posicionamento alternativo pode superestimar o grau de BNM em relação ao estímulo do n. ulnar.
Referência 1
Cardoso MVP, Andrade MAV, De Melo JAV et al. Bases da monitorização neuromuscular. Rev Med Minas Gerais .2016; 26 (SUPL 1):S34-38.
Referência 2
Fuchs-Buder T, Romero CS, Lewald H et al. Perioperative management of neuromuscular blockade. A guideline from the European Society os Anesthesiology and Intensive Care. Eur J Anaesthesiol 2023; 40:82.
Palavras Chave
segurança do paciente; REVERSÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR; MONITORIZAÇÃO
Área
Tecnologia/Equipamento/Monitoramento
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Ceará - Brasil
Autores
IGOR CARNEIRO RODRIGUES, JOSE CARLOS RODRIGUES NASCIMENTO, FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA, INARA NOBRE DE CASTRO, SARA LUCIA FERREIRA CAVALCANTE, THYAGO ARAUJO FERNANDES