Dados do Trabalho


Título

MANEJO ANESTÉSICO EM GESTANTE PORTADORA DE DOENÇA FALCIFORME

Descrição

Introdução: Anemia falciforme é uma doença hereditária recessiva caracterizada por anemia hemolítica, crises vaso-oclusivas e lesão de órgãos-alvo. As alterações fisiológicas da gravidez, como aumento das demandas metabólicas, hipercoagulação sanguínea e estase vascular, podem agravar as complicações dessa doença, tanto para a mãe quanto para o feto. Condições como hipóxia, acidose, hipotermia e desidratação celular são fatores que desencadeiam a de falcização. Sendo assim, o manejo anestésico dessas pacientes é desafiador, o que torna a anestesia dessas gestantes um tema de fundamental importância no âmbito da anestesia obstétrica.
Relato de Caso: A.S.F., 31 anos, negra, portadora de DF, G2P1cA0, IG 39 semanas (DUM). Relato de bolsa rota há 3 horas. Ao exame: BEG, hipocorada 2+/4+, hidratada, PA 135x80mmHg, FC 108bpm. Abdome gravídico, AU 33cm, DU ausente, colo médio e posterior 4cm de dilatação. Exames: Cardiotocografia categoria I, Hb 8,4mg/dL, Ht 24%, grupo sanguíneo O negativo. Indicada cesárea por iteratividade. A monitorização constou de ECG, SpO2, PANI, venóclise cateter 18G. Realizada raquianestesia com bupivacaína hiperbárica 12mg, morfina 60mcg e fentanil 20mcg, nível do bloqueio em T4. Realizado deslocamento uterino para esquerda. Oxigenioterapia em cateter nasal. Hipotensão tratada com fenilefrina. Hb pós-parto: 7,8mg/dL. Durante o puerpério, a paciente evoluiu sem intercorrências.
Discussão: No Brasil, a incidência de DF é 1:1000, sendo a distribuição heterogênea. Eventos relacionados à falcização ocorrem em até de 50% das gestantes, com aumento da incidência de septicemia, tromboflebite e crises álgicas. Não há consenso sobre a melhor técnica anestésica. Porém, é bem estabelecido o maior risco de mortalidade materna relacionado à anestesia geral em pacientes não portadoras da hemoglobinopatia. A anestesia regional possui vantagens devido à vasodilatação do território anestesiado. O manejo anestésico inclui a manutenção do volume intravascular com administração de cristaloides, tolerância zero à hipotensão (vasopressores), transfusão de concentrado de hemácias (CH) quando indicada, O2 suplementar, prevenção da estase venosa periférica e profilaxia do tromboembolismo venoso. Não há evidências de que a transfusão de CH para alvo de Hb em 10mg/dL altere a mortalidade materna, mas há relatos da redução de crises álgicas. A segurança do uso de hidroxiuréia durante a gestação não é bem estabelecida. A hipotermia, por sua vez, pode desencadear falcização, porém não existem evidências na literatura que demonstrem essa correlação. No entanto, vasoconstrição excessiva foi sugerida como fator contribuinte.
Referências bibliográficas: Firth PG. Anesthesia for peculiar cells – a century of sickle cell disease. Br J Anaesth. 2005 Sep;95(3):287-99. Gibson JR. Anesthesia for sickle cell diseases and other hemoglobinopathies. Semin Anesth. 1987;IV:27-35.

Referência 1

Firth PG. Anesthesia for peculiar cells – a century of sickle cell disease. Br J Anaesth. 2005 Sep;95(3):287-99.

Referência 2

Gibson JR. Anesthesia for sickle cell diseases and other hemoglobinopathies. Semin Anesth. 1987;IV:27-35.

Palavras Chave

: “Anemia Falciforme”

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET STA.CASA MISER.B.HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil

Autores

NATHALIA RODRIGUES GONTIJO DE ANDRADE, CRISTINA AMARAL CALIXTO, MATHEUS IGNACIO LOPES DA COSTA, MARDEN FERNANDO MIRANDA RAMOS, VINICIUS PEREIRA DE SOUZA, RENATO HEBERT GUIMARAES SILVA