Dados do Trabalho


Título

Intubação difícil por estenose traqueal: relato de caso

Descrição

Introdução: Estenose traqueal é um desafio para o anestesiologista tanto no momento da intubação orotraqueal (IOT) quanto para a ventilação adequada para o paciente. É preciso investigar fatores de risco como traqueostomia, múltiplas intubações, IOT prolongada e doenças pré-existentes de vias aéreas. Podem ser utilizados exames de imagens simples como radiografia de pescoço para fazer o diagnóstico preciso. Relato de caso: Homem, 21 anos, com histórico de convulsões em investigação pela neurologia. Submetido à traqueoplastia há 4 anos devido a estenose subglótica pós intubação orotraqueal prolongada após crise convulsiva. Retornou há 2 anos com novo relato de internação prolongada após outro episódio de coma, em uso de traqueostomia e com novos sintomas de estenose, sendo realizada dilatação traqueal e decanulação com fechamento da traqueostomia. Retornou ao ambulatório devido à cicatrização inadequada da traqueostomia, porém sem fístula traqueocutânea. Neste momento, não apresentava dispneia ou outros sintomas. Indicada correção de cicatriz em fúrcula. Entrada em sala cirúrgica feita a monitorização padrão. Realizada indução venosa com alfentanil, lidocaína, propofol e rocurônio. Laringoscopia sob visualização direta, Cormack Lehane 1, foi tentada intubação orotraqueal com tubo 7.5mm, entretanto,houve falha na progressão, sugerindo estenose infraglótica. Optou-se por usar TOT 7.0mm, sem sucesso novamente. Foi introduzido TOT 6.5 mm sob manobra forçada,mas equipe cirúrgica decidiu suspender abordagem e investigar a estenose por broncofibroscópio via ambulatorial e em um segundo momento fazer uma traqueoplastia, após investigação. Discussão: A estenose traqueal adquirida muitas vezes decorre da cicatrização inadequada após intubação e traqueostomia. O diagnóstico é estabelecido clinicamente ou por exames de imagem que evidenciam o estreitamento do lúmen traqueal. Manifestações incluem estridor bifásico, com dispneia tardia associada a diâmetros de lúmen traqueal <8 mm para dispneia ao esforço e <5 mm para dispneia em repouso. A broncoscopia é essencial para avaliação e tratamento. A escolha da estratégia de manejo depende da gravidade da estenose,atentando-se à disponibilidade de tubos orotraqueais menores, dispositivos supraglóticos e a consideração de técnicas como traqueostomia acordada sob anestesia local para acesso seguro. Em situações de cirurgias eletivas, considera-se a possibilidade de despertar o paciente, enquanto em casos graves pode ser necessária a cricotireoidostomia emergencial. A extubação deve também ser cuidadosamente planejada, utilizando trocadores de tubo sempre que possível para minimizar complicações. Conclui-se, diante do exposto, que o manejo da estenose traqueal é desafiador, exigindo planejamento minucioso para otimizar os desfechos clínicos.

Referência 1

Frerk C, Mitchell VS, McNarry AF et al. Difficult Aiway Society 2015 guidelines for the management of unanticipated difficult intubation in adults. BJA 2015, 115 (6): 827-4

Referência 2

Patel A and Pierce A. Progress in management of the obstructed airway. Anaesthesia 2011, 66(suppl 2) 93-100

Palavras Chave

Intubação difícil; estenose subglótica

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET CENTRO ANESTESIOL.UNIV.DE BRASILIA - Distrito Federal - Brasil

Autores

MARIANA NUNES GANDARA PEREIRA MORBECK, KAYLLA HEDUARDA RODRIGUES DA COSTA, MARCUS HENRIQUE DE OLIVEIRA GONÇALVES, LÉA MENEZES COUCEIRO BURLE, RAUL SILVA QUIRINO, HELGA BEZERRA GOMES DA SILVA